A Polícia Civil realiza na manhã desta terça-feira (5) mais uma ofensiva contra integrantes de facção suspeitos de ameaçar e extorquir comerciantes do Vale do Sinos. A chamada "Operação Elo Forte" seria a quinta ação realizada neste ano na região.
Cerca de 180 agentes cumprem 28 mandados de busca, oito de prisão e nove de bloqueio de contas bancárias em São Leopoldo. Os outros trabalhos ocorreram em março, quando houve dois casos, além de outros dois em julho e agosto. A ação desta terça é uma consequência do fato ocorrido em julho, a "Operação Fake Security". Até as 8h20 sete pessoas haviam sido presas.
Na ocasião, sete pessoas suspeitas de envolvimento neste esquema de extorsão contra comerciantes e moradores de condomínios residenciais foram presas. A suspeita é de que os criminosos tenham lesado vítimas em mais de R$ 2,5 milhões em oito meses. De acordo com a polícia, a principal meta dos criminosos era usar os valores para capitalizar o tráfico de drogas.
A investigação é do delegado André Serrão, de São Leopoldo. Ele, que esteve à frente do trabalho policial há cerca de dois meses na cidade, diz que algumas ameaças prosseguiram. Mas a nova operação também está sendo realizada porque o grupo está ligado ao tráfico de drogas, bem como com a lavagem de dinheiro.
— Constatou-se que uma mesma facção criminosa estabelecida no Vale do Sinos tem ramificações na extorsão e no tráfico de drogas, tendo essas duas atividades criminosas como suas principais fonte de renda. A Operação Elo Forte ocorre contra o tráfico de drogas e contra extorsões a comerciantes nos bairros Vicentina e São Miguel, na cidade de São Leopoldo — diz Serrão.
Sobre a lavagem de dinheiro, o delegado diz que espera analisar as contas bancárias bloqueadas para ter uma ideia da movimentação financeira dos suspeitos.
Extorsões
Neste caso investigado, de acordo com inquérito instaurado, os criminosos realizavam extorsões de comerciantes, principalmente do ramo de reciclagem e processamento de materiais. As vítimas eram coagidas a realizarem pagamentos mensais que variavam de R$ 500 a R$ 2 mil.
A contrapartida por parte dos criminosos é de que eles realizariam a segurança dos estabelecimentos comerciais que efetuassem os pagamentos. Segundo Serrão, na verdade, um pretexto para que a própria facção não exercesse violência contra as empresas das vítimas ou contra seus familiares. A polícia identificou pelo menos 30 comerciantes de São Leopoldo que foram lesados.
Segundo o delegado, quem não pagasse, sofreria, inicialmente, ameaças e depois algum tipo de agressão. A primeira ocorrência deste tipo de extorsão direcionada a comerciantes é de novembro de 2022. A partir do trabalho da polícia, e das informações colhidas pela investigação, chegou-se ao conhecimento de que muitos casos não eram registrados pelas vítimas por receio de retaliação.
Em março deste ano, uma empresa de reciclagem no município pegou fogo. Não se sabe se o incêndio teve origem natural ou proposital, o que é motivo de apuração policial. Mas Serrão destaca que, mesmo assim, os criminosos se valeram deste fato para continuar com as extorsões ao dono do estabelecimento incendiado.
Durante o cumprimento das ordens judiciais nesta terça, a polícia apreendeu duas armas, sendo uma delas uma espingarda, munição, drogas, balança de precisão, dinheiro e três celulares. Um suspeito ainda segue foragido. Os nomes dos presos não foram divulgados.