A Polícia Civil divulgou neste sábado (9) que indiciou nesta semana 67 integrantes de um grupo — ligado a uma facção criminosa gaúcha — comandado por dois empresários de Torres. Os suspeitos, que foram alvo de uma operação policial no dia 29 de agosto, eram responsáveis pelo tráfico de armas e drogas no Litoral Norte do Estado e Litoral Sul de Santa Catarina, além de dar ordens para executar rivais.
Para garantir o monopólio da venda de entorpecentes na região, eles teriam assassinado cinco pessoas em Torres, Mampituba e Três Cachoeiras desde o final do ano passado. O número de presos chega a 59, sendo 54 no dia da ação em conjunto entre as polícias dos dois Estados e Ministério Público. Na ocasião, 43 armas foram apreendidas.
O titular da 2ª Delegacia do Departamento de Investigações do Narcotráfico (Denarc), delegado Rafael Liedtke, diz que os indiciamentos foram por tráfico de armas e drogas, associação ao tráfico, corrupção de menores, porte ilegal de arma, clonagem de placas veiculares e receptação de carros roubados. Os homicídios são investigados pelo delegado Marcos Veloso, que é do litoral e atuou em conjunto com o Denarc.
Sobre as prisões, Liedtke destaca que as mais recentes ocorreram nos últimos dias, uma em Torres e outra em Rolante, no Vale do Paranhana. Entre os indiciados, estão os dois empresários, dois irmãos que foram presos e que atuam nos ramos gastronômico e imobiliário, além de um advogado, suspeito de guardar armamento para o grupo, o principal executor da quadrilha e um ex-policial militar de Porto Alegre.
O ex-brigadiano é um dos oito foragidos. Ele é de Porto Alegre e é investigado por fornecer armas e munição para os criminosos que atuam no litoral norte gaúcho e litoral sul catarinense. Outra pessoa indiciada, segundo o inquérito remetido na sexta-feira (8) à Justiça, é uma mulher. Ela é mãe de um adolescente usado para transportar camisas da Polícia Civil que eram usadas em execuções. Por fim, um outro indiciado é um detento da Penitenciária de Montenegro, apontado por gerenciar o tráfico para os empresários.
Um criminoso preso em Alvorada, na Região Metropolitana, durante a operação, também foi responsabilizado. O delegado conta que o investigado tinha uma fábrica clandestina e fornecia placas veiculares clonadas para a quadrilha. Cerca de 300 policiais civis e integrantes do MP cumpriram na semana passada 65 mandados de prisão contra os suspeitos na chamada “Operação Turrim”, que é torre em latim.
Operação Turrim
Os agentes cumpriram 132 ordens judiciais e contaram com apoio de grupamento aéreo. Houve mandados de prisão preventiva e temporária, bem como buscas, apreensões, sequestro de veículos e bloqueio de contas bancárias. Das 18 cidades onde ocorreu o trabalho da polícia, 14 eram no RS e quatro em SC. Alguns dos presos estavam em apartamentos de alto padrão e com carros importados na garagem.
A operação foi realizada em Torres, Mampituba, Três Cachoeiras, Morrinhos do Sul, Capão da Canoa, todas no Litoral Norte, além de Porto Alegre, Cachoeirinha, Viamão e Alvorada, na Região Metropolitana, São Leopoldo, Novo Hamburgo, Campo Bom e Estância Velha, no Vale do Sinos, e Lajeado, no Vale do Taquari. Um mandado foi cumprido também na Penitenciária Modulada de Montenegro, no Vale do Caí, onde está o apenado que estaria repassando as ordens dos empresários suspeitos.
Em Santa Catarina, as ordens judiciais ocorreram em Passo de Torres, Praia Grande, São João do Sul e Araranguá. A investigação teve início, segundo o delegado Veloso, após uma ação na cela onde está o apenado apontado como gerente do tráfico. Apesar da conclusão do inquérito com os indiciamentos, a investigação e as buscas aos foragidos continuam.