A Polícia Civil tenta desvendar o assassinato de um cadeirante na zona norte de Porto Alegre, na última quinta-feira (17). Carlos José Canabarro da Silva, 35 anos, o Zezé, foi alvejado com uma sequência de disparos, enquanto acompanhava o jogo de futebol que ocorria numa quadra de esportes na Avenida Sertório, próximo do cruzamento com a Avenida Baltazar de Oliveira Garcia, no bairro Sarandi. Havia cerca de cem espectadores no local, e um dos jogadores chegou a ser alvejado na ação dos criminosos.
Irmã mais velha, Elisangela Moreira, 45 anos, que reside fora do Estado, conta que o caçula cresceu em Porto Alegre. Há cerca de um ano, o irmão havia conseguido comprar o primeiro apartamento próprio e se mudado para um condomínio residencial no Loteamento Timbaúva, no bairro Mario Quintana. Era lá que ele estava residindo atualmente, conforme a família. Recentemente, o irmão teria montado um time, que estava disputando a partida de futebol naquela noite.
— Meu irmão era muito carismático. Mesmo com todos os problemas de saúde, não se entregava, e então montou o time para gurizada de lá — diz a irmã.
Carlos José residiu algum tempo em Alvorada, na Região Metropolitana, não chegou a casar e nem ter filhos. Até se mudar para o apartamento onde passou a viver sozinho, residia com a mãe, que era responsável por auxiliar nos cuidados com o filho.
— Sempre morou com a mãe, mas sonhava em morar sozinho. Há pouco (tempo), a mãe vendeu uma casa na praia e realizou o sonho dele de comprar o apartamento para ele — conta a irmã.
Desde criança, segundo a família, era apaixonado por futebol, e jogava em escolinhas. Tornou-se torcedor fanático do Internacional. Há cerca de dez anos, perdeu a mobilidade das pernas, conforme a irmã, após ser alvejado por um disparo de arma de fogo nas costas. Para a família, não ficou claro como se deu a ação anterior que resultou nos danos na coluna. Nesse período, segundo a família, o jovem era usuário de drogas. Depois disso, teria conseguido se afastar do vício, voltou a estudar e trabalhar.
— Ele era um ex usuário, cadeirante, que queria viver. Lutava contras as dores e doenças para continuar sempre mostrando força e alegria. Um menino por dentro, mesmo já tendo 35 anos. Amava demais as crianças. Que Deus permita que quem fez isso se acerte com a justiça. Se não for com a justiça dos homem com certeza com a de Deus — afirma a irmã.
Crime organizado
Os atiradores ingressaram no local onde acontecia o jogo, deram a volta na quadra, e seguiram até onde estava Carlos José. A vítima estava junto do time, na beira do campo. Os criminosos começaram a disparar, e atingiram o homem com uma série de disparos de pistola calibre 9 milímetros. Pelo menos 10 tiros teriam sido disparados - a necropsia irá confirmar quantos alvejaram a vítima. O assassinato está sob investigação da 3ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Porto Alegre.
— Nenhuma linha de investigação é descartada. A mais forte delas envolve disputas relativas ao tráfico de entorpecentes — diz o delegado Thiago Zaidan, responsável pelo caso.
Conforme o policial, o cadeirante executado teria vinculação com integrantes da organização criminosa que atua naquela região na exploração do tráfico. Durante a ação, os criminosos alvejaram ainda um jogador que estava sentado no banco de reservas. Baleado na perna, sem gravidade, ele foi ouvido pela polícia ainda quando estava hospitalizado. Até o momento, ninguém foi preso pelo crime, segundo a polícia.
Colabore
Quem tiver informações que possam auxiliar na elucidação do caso, pode entrar em contato com a polícia pelo telefone 0800-642-0121. Não é necessário se identificar.