A sessão de abertura do Tribunal do Júri nesta quarta-feira (9), na comarca de Pinhalzinho, em Santa Catarina, para julgamento de Fabiano Kipper Mai, foi marcada por grande comoção. O réu é acusado de matar três bebês e duas professoras em ataque a uma creche no município de Saudades, no Estado vizinho, em 4 de maio de 2021.
Mai foi denunciado pelos cinco homicídios consumados e por mais 14 tentativas de homicídio. Ele tinha 18 anos à época e tentou cometer suicídio após invadir o estabelecimento de ensino e cometer os assassinatos usando uma adaga como arma. Acabou preso em flagrante e cumpre prisão preventiva desde sua recuperação após os fatos.
Sob forte esquema de segurança, a sessão começou às 9h com o sorteio dos jurados entre 26 pessoas previamente convocadas, tendo seis mulheres e um homem definidos para a composição do conselho de sentença. O julgamento é presidido pelo juiz Caio Lemgruber Taborda.
Após a formação do conselho de sentença, os trabalhos iniciaram com a oitiva de três sobreviventes do massacre, circunstância marcada por grande emoção entre mais de 80 pessoas que se mobilizaram para acompanhar os trabalhos, além de jornalistas, mobilizados pela notoriedade do caso que chocou o país.
No lado de fora do fórum e mesmo sob forte chuva, familiares de vítimas e sobreviventes também compareceram ao ato para manifestar seu apelo por justiça, empunhando faixas e cartazes. Alguns grupos também utilizaram camisetas confeccionadas para a ocasião.
Após o depoimento dos sobreviventes, teve início a oitiva de testemunhas de acusação, sendo duas presencialmente e uma online. A defesa ofereceu duas testemunhas ouvidas de maneira remota e outra presencial. Foram dispensadas três vítimas, cinco testemunhas de acusação e uma de defesa.
Outro ponto forte e muito aguardado foi o interrogatório do réu. Porém, o acusado exerceu o direito de permanecer em silêncio. Assim, a sessão foi encerrada às 21h e será retomada às 9h desta quinta-feira (10), com debates iniciando pela explanação da acusação e, em seguida, da defesa. Cada parte tem uma hora e meia para apresentar suas argumentações.
As ruas que circundam o fórum estão fechadas, sob forte esquema de segurança, e assim permanecerão desta forma até o final do julgamento. Participaram da operação policiais penais do Núcleo de Operações Táticas, com apoio de policiais militares de Pinhalzinho e Chapecó, além de bombeiros que prestam suporte integral aos participantes da sessão. O município de Saudades também disponibilizou psicóloga e enfermeira para atendimento de vítimas e familiares, durante todo o júri.
Atuam na acusação, os promotores de justiça Bruno Poerschke Vieira, Douglas Dellazari, Fabrício Nunes e Julio André Locatelli, com assistência do advogado Luiz Geraldo Gomes dos Santos. Na defesa está o advogado Demetryus Eugenio Grapiglia. A reportagem tentou contatos com as representações, mas não obteve êxito até a publicação do texto.