A polícia localizou uma quinta pessoa ferida na chacina registrada na noite de domingo (14), na Vila São Borja, no bairro Sarandi, na zona norte de Porto Alegre. Segundo as autoridades, trata-se de uma mulher que buscou atendimento médico com ferimentos na mão, mas não corre risco de morte. O ataque deixou, além de outros quatro homens feridos, cinco mortos, que ainda não tiveram as identidades divulgadas.
De acordo com a Polícia Civil, todos os baleados na ação, entre mortos e feridos, têm envolvimento com tráfico ou são usuários de drogas que estariam no local para comprar as substâncias.
Pelo menos dois dos cinco mortos já tiveram identificação preliminar, mas as autoridades ressaltam que os nomes só serão divulgados após confirmação pericial. Dos cinco, pelo menos um teria passagens pela polícia.
Entre os feridos, a polícia informou que um não tem antecedentes criminais e que outros três possuem passagens pela polícia e fariam parte de um facção criminosa que atua na região. Não há informações sobre o quinto ferido.
Três dos feridos estão em um hospital de Porto Alegre e, até a tarde desta segunda-feira (15), tinham quadros estáveis de saúde, conforme boletim médico. Os nomes dos sobreviventes não foram divulgados por questão de segurança.
Até o momento, a investigação indica que o ataque teria sido uma tentativa de ocupar o ponto de tráfico e consumo de drogas que funciona no local — a Rua B, também conhecida como Rua Chuí. O espaço seria comandado por Adalberto Arruda Hoff, o Beto Fanho, 43 anos, morto há cinco dias em Gravataí, na Região Metropolitana, durante confronto com a polícia. O homem se escondia de rivais em um sítio em Morungava, após ter escapado de várias emboscadas desde o ano passado. Ele tinha mais de 20 antecedentes criminais — sete por homicídios —, mais de 50 anos de condenação e usava tornozeleira eletrônica, segundo a polícia.
Conforme a investigação, a facção apontada como responsável pelo ataque na Capital se aproveitou do fato de os rivais estarem fragilizados para aumentar sua influência no local, tentando ocupar o vácuo deixado por Beto Fanho no ponto de drogas.
Durante três dias de buscas na propriedade rural onde Beto Fanho se escondia, foram encontradas mais de 20 armas — a maioria delas estava enterrada —, munição, carregadores, granadas, material para fabricar explosivos, além de drogas. Cinco suspeitos foram presos.
— Foi uma ação de um grupo criminoso contra outro. Por meio deste ataque, que está fora da curva de ações apuradas, os suspeitos receberam ordem para realizar a chacina com o objetivo de que a facção deles tenha sua influência aumentada na região, que é um conhecido e já disputado ponto de tráfico e consumo na zona norte da Capital — adianta o diretor do Departamento de Homicídios, delegado Mario Souza.
No ataque, os criminosos utilizaram dois veículos. Eles teriam descido dos carros, conversado rapidamente com as vítimas e começado a atirar em seguida. A suspeita é de que a ação tenha sido realizada por um grupo de quatro a oito homens, com o uso de pistolas nove milímetros, espingarda calibre 12 e até fuzil calibre 556.
Ocorrência foge do comum
De acordo com o comandante do 20º Batalhão de Polícia Militar (BPM), o tenente-coronel Rafael Tiaraju, a ação registrada no domingo foge do comum. Segundo a BM, a região é conhecida por ser ponto de tráfico de drogas, mas não costuma registrar ocorrências:
— É uma ação que foge da normalidade, e é assim que tratamos ela. Desde ontem (domingo), estamos conversando com o Comando de Policiamento da Capital e dando prioridade para identificar os autores do ataque. Também estamos tomando medidas para ampliar o policiamento ostensivo na região.
O tenente-coronel também afirma que a BM reforçou o policiamento em outros locais da cidade, que podem registrar represália após o ataque.
As equipes da BM foram acionadas por volta das 21h30min, pelo telefone 190, por moradores que relataram ter ouvido tiros na rua. Ao menos 15 PMs atenderam a ocorrência. Quando as guarnições chegaram ao local, os atiradores já tinham fugido.
A Polícia divulga um número pelo qual podem ser dadas informações anônimas a respeito de crimes. É o 0800-642-0121.