A Polícia Civil divulgou neste sábado (6) o indiciamento de três pessoas com certificado de Colecionadores, Atiradores Desportivos e Caçadores (CACs) que moram na zona leste de Porto Alegre. Eles foram alvo de três ações do Departamento de Investigações do Narcotráfico (Denarc) desde janeiro deste ano e tiveram armamento apreendido. O Exército Brasileiro também investiga os casos, que podem terminar com a cassação dos registros.
De acordo com o responsável pelo inquérito, o titular da 1ª Delegacia do Denarc, delegado Guilherme Dill, os suspeitos foram investigados por fornecer armas, mas principalmente munição, para uma facção que atua na cidade. Juntos, em três ações distintas, os CACs tiveram 11 armas, incluindo dois fuzis, e mais de mil projéteis apreendidos. Mas o problema são as armas que eles têm registradas e não souberam explicar onde estão.
Na última quinta-feira (4), um deles foi alvo de mandado judicial no Morro da Cruz, bairro São José, e teve duas armas apreendidas. No entanto, ele nãp soube indicar o paradeiro de outras 11 que estão em nome dele - carabinas, espingardas, pistolas e revólveres de variados calibres, segundo o delegado.
— Temos provas suficientes do repasse para faccionados e por isso foi indiciado. Estamos atuando diretamente nestes casos em parceria com o Exército para responsabilizar criminalmente os envolvidos e garantir a cassação dos registros — diz Dill.
O Exército Brasileiro informou que processos administrativos foram abertos sobre os três casos investigados pelo Denarc. Os suspeitos podem, ao final do trabalho, ter os registros de CAC cassados. Os três investigados foram indiciados pelo Denarc por comércio ilegal de arma de fogo, organização criminosa e falsidade ideológica. Os nomes deles não foram divulgados.
O delegado Dill destaca que os outros dois casos também ocorreram na zona leste de Porto Alegre. O mais antigo foi em janeiro deste ano, quando um colecionador teve fuzil, pistolas, drogas, drone, explosivo, cordel detonante e milhares de projéteis apreendidos em sua casa.
Em abril, durante cumprimento de mandado de busca e apreensão, os policiais do Denarc apreenderam outro. A arma, de calibre 556, está registrada em nome de um indivíduo que não possuía condições financeiras para compra e manutenção de armamento desse calibre. No final da investigação, foi confirmado que o armamento era de um CAC.
O diretor do Denarc, delegado Carlos Wendt, alerta sobre o aumento do número de denúncias contra CACs na Capital por envolvimento com grupos criminosos, principalmente em relação a supostos repasses de munição:
A ofensiva do Denarc em 2023, que no ano passado prendeu um CAC por fornecer armas para grupos criminosos em Porto Alegre, se deve ao fato de que o governo federal determinou, em fevereiro deste ano, que todas as armas, sejam de uso permitido ou restrito, fossem cadastradas no Sistema Nacional de Armas (Sinarm) da Polícia Federal (PF). A determinação consta em portaria do Ministério da Justiça.
Nesta semana, por exemplo, a PF deflagrou uma megaoperação contra o porte ilegal de armas de fogo, cumprindo mandados de prisão preventiva, temporária e definitiva contra CACs que não fizeram o recadastramento de suas armas, além de pessoas que não têm autorização para ter armamentos.