A Polícia Civil prendeu preventivamente em Porto Alegre, na quarta-feira (17), uma mulher de 23 anos suspeita de entregar as filhas de um e três anos para abusos sexuais em troca de quantia mensal em dinheiro. O homem, suspeito de cometer os abusos, 41 anos, está preso desde abril.
Com a prisão desta jovem de 23 anos, chega a três o número de mães presas por suspeita de envolvimento no esquema. Os nomes delas não são divulgados para não expor as vítimas.
O advogado que defende a mãe de 23 anos presa na quarta-feira, Nelson Elias, afirmou que "ela foi aliciada pelos pedófilos como acompanhante e que, depois, eles começaram a assediar as filhas dela".
— Ela teria trocado mensagens com os pedófilos, mas não mandou fotos — afirmou o advogado ao g1.
A mulher presa deverá responder pelos crimes de exploração sexual de criança e adolescente, estupro de vulnerável e armazenamento de pornografia infantil. As duas filhas da suspeita foram encaminhadas para perícia psíquica e verificação de violência sexual no Centro de Referência em Atendimento Infanto-Juvenil do Instituto-Geral de Perícias. Depois, as crianças devem ser encaminhadas para um abrigo.
A delegada Camila Defaveri , que apura o caso, afirma que o homem preso é um "criminoso contumaz", e que oferecia presentes como brinquedos e roupas às meninas.
— Ele busca conhecer mulheres em ONGs, instituições de amparo, vale-se de sites de prostituição estilo "sugar baby" para conhecer outras pessoas, sempre do sexo feminino, com filhos menores, crianças de zero até 12 anos, onde opta por convidá-las para participação de encontros "familiares", demonstrando boas intenções ao solicitar Pix para imediato depósito — destaca a delegada.
A delegada afirmou ainda que a suspeita é de que o homem teria costume de receber as crianças em um apartamento perto da casa onde morava em Imbé, no Litoral Norte. Ele também é investigado pela produção do material de pornografia infantil para uso pessoal e para a venda.
Uma perícia realizada no celular do homem preso revelou conversas dele com as mães, nas quais eram combinadas as quantias para os supostos abusos. De acordo com a investigação, após o acerto, o homem ia até as cidades onde as meninas residiam e as levava até o local onde os abusos aconteceriam.
Além desta última suspeita, outras duas mulheres já haviam sido presas durante as investigações do esquema. Uma delas, que residia em Porto Alegre, é mãe de três filhas, de oito, 10 e 12 anos. A outra, de Cachoeirinha, é mãe de uma menina de sete anos.
— Observou-se a total falta de pudor e discernimento dos investigados, bem como de zelo e proteção, inerentes ao dever materno, das investigadas em relação às filhas, tratando-as como mercadorias e submetendo-as a favores sexuais, condutas, portanto, revestidas de gravidade — reforça a delegada Camila.