Foram encerradas as audiências com depoimento e interrogatório do réu no processo que apura a morte de Andrei Ronaldo Goulart Gonçalves, 12 anos, em 30 de novembro de 2016, na zona sul de Porto Alegre. O tio do menino e policial militar da reserva, Jeverson Olmiro Lopes Goulart, é réu por homicídio e estupro de vulnerável contra o sobrinho.
O caso foi relevado por GZH em março de 2020, após a mãe do menino, Cátia Goulart, insistir por três anos e conseguir uma reviravolta no caso, que havia sido concluído pela Polícia Civil como suicídio. O processo foi reaberto, mas as audiências só começaram em novembro de 2022, seis anos após a morte. A primeira a falar foi Cátia, que levantou a hipótese do envolvimento do próprio irmão no caso.
- É uma mistura de emoções. É uma vitória dentro da tragédia, pois conseguimos chegar até aqui. Meu coração está um pouco menos dolorido. Eu tenho esse deve de honrar o nome dele - relatou Cátia, após a audiência em novembro.
Ainda na fase de instrução, foram ouvidas outras testemunhas, como um amigo de Cátia, o pai e os dois irmãos de Andrei.
Na última sexta-feira (31), Jeverson foi interrogado por videoconferência, direto do Rio de Janeiro, onde passou a morar depois do crime. O teor do interrogatório não foi relevado, pois o caso corre em segredo de Justiça.
Com o fim da audiência de instrução, agora é aberto um prazo para os chamados memoriais, em que as partes, acusação e defesa, apresentam suas alegações finais. Depois, o juiz responsável decide se absolve ou pronuncia o réu. Na segunda hipótese, o acusado será submetido ao Tribunal do Júri.
- Após seis anos e quatro meses, estamos bem mais próximos do final. As audiências foram muito boas pra nós - declarou a mãe.
Relembre o caso
Conforme a denúncia do MP, na noite de 29 de novembro de 2016, Andrei ficou sozinho em casa com o tio quando a mãe e a irmã saíram para uma festa de aniversário. O tenente, que tem casa no Rio de Janeiro, estava morando provisoriamente no apartamento com a família e dividindo quarto com Andrei. Já na reserva da BM, havia assumido cargo em comissão no Ministério Público do Rio Grande do Sul três semanas antes.
Por volta das 23h20min, Cátia retornou para a moradia e conversou com Andrei e com o tenente. Ela declarou que seu filho já parecia estar "estranho e acuado, sem fazer as brincadeiras costumeiras". Jeverson teria dito que estava com muito sono.
Por volta das 2h, o tenente acordou Cátia no quarto ao lado, dizendo que uma tragédia havia acontecido. A mãe foi até o cômodo e encontrou seu filho morto com as duas mãos segurando a arma do tio pelo cano.
Contraponto
Procurado por GZH, o advogado Édson Perlin, que defende Jeverson Olmiro Lopes Goulart, não respondeu às mensagens com pedido de posicionamento.