Os quatro pavilhões da Penitenciária Estadual de Rio Grande (Perg) são alvos de uma operação do Ministério Público (MP) na manhã desta segunda-feira (5). São cumpridos 58 mandados de busca e apreensão, a fim de recolher armas, munições, celulares, dinheiro, drogas, documentos e anotações. A operação busca combater o “delivery aéreo” de drogas e celulares para o interior da unidade prisional. Conforme o MP, criminosos de uma facção do município faziam as entregas com drones.
A investigação iniciou há três meses e identificou que a organização criminosa utilizava os equipamentos para levar celulares, carregadores e drogas para a Perg. Cada entrega, de acordo com o MP, tinha um custo operacional que poderia chegar a R$ 100 mil. As ações seriam financiadas pela facção.
As tentativas de entrega vêm se tornando recorrentes. De janeiro a outubro deste ano, foram registradas 21 ocorrências com drones na penitenciária. Em 2021 foram apenas duas ocorrências e em 2020 não houve registros do tipo.
Em outubro de 2022, a Polícia Rodoviária Federal apreendeu cerca de R$ 110 mil em materiais que seriam utilizados em uma dessas entregas. A ação aconteceu na BR-392, próximo da Perg. Entre os materiais apreendidos estavam dois quilos de cocaína, 1,8 quilo de maconha, três celulares, carregadores, fones de ouvido e um drone.
Para o MP, as entregas estão associadas ao tráfico dentro e fora da penitenciária e viabilizam o contato de apenados com o exterior, inclusive para ordenar crimes em Rio Grande. A facção que opera o delivery com drones na Perg seria uma das responsáveis pela onda de violência que atinge o município. Já são 86 homicídios registrados em Rio Grande em 2022, um recorde na história da cidade.
— Quase a totalidade delas (mortes violentas) está diretamente vinculada a apenados recolhidos, os quais, por meio da introdução clandestina de celulares na prisão, continuam operando direta e indiretamente o tráfico de drogas — comenta o coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado – Núcleo Região Sul, Rogério Meirelles Caldas.
Atuam na operação agentes do Gaeco, do 3º e do 5º Batalhões de Polícia de Choque e do 4º e 6º Batalhões de Polícia Militar.