Começou de forma bombástica a quarta etapa do júri de um dos mais rumorosos assassinatos ocorridos em Porto Alegre, o do então secretário da Saúde de Porto Alegre, Eliseu Santos, morto a tiros em 2010 quando saía de um culto religioso. Nesta quarta-feira (19) é julgado na 1ª Vara do Júri da Capital o empresário Jorge Renato Hordoff de Mello, que era dono de uma empresa que fazia segurança em postos de saúde e tinha, segundo o Ministério Público, desavenças financeiras com o secretário assassinado. Pois uma das testemunhas de acusação, o comunicador Leudo Costa (ex-advogado de Mello), se negou a prestar depoimento e alegou que está sendo ameaçado de morte.
Costa disse que a casa dele foi arrombada por ladrões há algum tempo e que sofreu uma perseguição por veículos há cerca de 15 dias. Para ele, foram tentativas de intimidação por ser testemunha de acusação no Caso Eliseu. Ao se dirigir ao juiz Thomas Vinícius Schons, desabafou:
- Eu poderia estar morto, doutor. Se eu não tivesse buscado proteção pessoal, estaria morto. Há poucos dias foi morta uma testemunha em Soledade. Mudei completamente minha rotina depois de um arrombamento que sofri há uns dias. Estou me mudando de Porto Alegre - declarou Leudo Costa, antes de se recusar a continuar como testemunha.
Conforme a acusação, o secretário Eliseu teria descoberto um esquema de corrupção e cortado pagamentos à empresa da qual Mello era sócio, a Reação, que pagava propina a integrantes da secretaria para obter contratos. Por isso ele teria sido assassinado.
Apesar de se negar a depor, Costa diz que não retira nem uma palavra de depoimentos anteriores. Em outras etapas do júri do caso, ele confirmou que Jorge Hordoff de Mello tinha desavenças contratuais com o então secretário Eliseu Santos.
O juiz também tomou depoimento da viúva de Eliseu, Denise Goulart Silva. Ela descreveu o assassinato e confirmou que a vítima foi chamada pelo nome, por um dos assassinos.
Ao todo, 13 pessoas viraram réus pelo assassinato de Eliseu. Uma morreu e três já foram condenadas: dois homens que teriam dado tiros contra o secretário e um que atuou como motorista na fuga dos criminosos. Outros seis acusados devem ser julgados ainda em 2022 (contando Mello, no júri desta quarta-feira) e dois outros, em 2023.
O assassinato
Eliseu Felippe dos Santos, 63 anos, foi morto na noite de 26 de fevereiro de 2010. Ex-vice-prefeito da Capital, ele era secretário municipal de Saúde à época e se preparava para entrar no carro dele, acompanhado da esposa e da filha, na Rua Hoffmann, no bairro Floresta, minutos após deixar um culto. Santos foi abordado por criminosos e chegou a sacar uma pistola, tentando se defender, mas acabou atingido por uma sequência de disparos e não resistiu.