A brutal execução de dois homens na zona norte de Porto Alegre, em plena luz do dia, mobilizou a Brigada Militar e a Polícia Civil na manhã desta terça-feira (2). As cenas dos disparos, impressionantes, foram registradas pela câmera de um estabelecimento comercial na Avenida Irmão Faustino João, Loteamento Timbaúva, bairro Mario Quintana.
A filmagem, feita às 10h58min, mostra um grupo de rapazes sob a copa de uma árvore, ao lado de uma padaria. Um Fox branco, que percorria lentamente a avenida, freia e dele descem três homens, com pistolas em punho. Eles disparam dezenas de tiros contra os jovens que estão na calçada.
Um dos rapazes foge correndo, mas é alcançado e cai no meio da avenida. Ali é atingido por vários tiros, por dois dos assassinos. O terceiro matador entra na padaria e dispara três vezes, matando um segundo homem (as imagens não captam esse crime, apenas o ruído dos tiros). Os disparos motivaram grande correria por parte de populares que esperavam ônibus e faziam compras na região, que tem grande movimento comercial.
Toda a ação - desde o momento em que o Fox chega ao local da execução até o veículo fugir - transcorre em um minuto e 15 segundos.
O homem morto na avenida foi identificado pela BM como Celsione da Silva Nascimento, 34 anos, com antecedentes policiais por porte ilegal de arma de fogo e tráfico de entorpecentes, segundo a polícia. O rapaz assassinado dentro da padaria é Diogo Augusto da Luz Pinto, 20 anos, com dois antecedentes policiais por tráfico de entorpecentes, um por roubo a motorista de entregas e um por furto de telefone celular, conforme a polícia.
Investigações preliminares do serviço reservado da BM (P2) e do Departamento de Homicídios da Polícia Civil trabalham com a probabilidade de que os matadores sejam ligados aos Manos, principal facção do Rio Grande do Sul, nascida no Vale do Sinos. Eles teriam cometido os homicídios numa área controlada pelos Antibala, coalisão de quadrilhas formada para reagir ao avanço do grupo Bala na Cara e que hoje está em guerra com Os Manos. A região, ligação do Mario Quintana com o bairro Rubem Berta (um dos maiores da Capital), é palco de disputa entre essas quadrilhas.
As investigações do caso estão a cargo do delegado Gabriel Lourenço, da 5ª Delegacia de Homicídios de Porto Alegre, que ainda está no local dos fatos.