Segundo o delegado Rafael Pereira, da 1ª Delegacia de Polícia de Canoas, cerca de 70 das mais de 300 vítimas serão ouvidas ao longo desta semana para construção do inquérito sobre o envolvimento de Dilson Neto, o humorista Nego Di, com a loja Tá Di Zuera, que não entregou compras feitas em site na internet. A investigação quer levantar o máximo de provas e informações sobre as compras no site para depois solicitar depoimentos das pessoas apontadas como os sócios donos da loja que teriam contratado o humorista apenas para fazer propaganda.
— Além das vítimas, vamos ouvir todas as pessoas que desconfiarmos que têm alguma participação neste delito — projeta o delegado Rafael Pereira.
Segundo Nego Di, o vínculo dele era apenas de publicidade. No entanto, até agora ainda não foi apresentado por ele ou por seus advogados um contrato de publicidade firmado entre ele e quem ele afirma ser o dono da loja.
A reportagem apurou que o modelo de negócio combinado verbalmente entre Nego Di e os sócios da loja seria que o comediante recebesse 50% dos lucros das vendas. O ex-BBB afirma que ele não é nem nunca foi sócio da loja, mas sim uma vítima por ter confiado a imagem aos donos dela. Na última quinta-feira, ele publicou uma série de vídeos dando sua versão do ocorrido pela primeira vez. Nego Di divulgou uma conta criada em nome de um sócio e um endereço de e-mail por onde vítimas podem apresentar comprovantes pedindo reembolso das compras feitas na loja virtual.
— O Dilson não recebeu nenhum real. Todo dinheiro que entrou foi para as contas do proprietário da empresa Ta Di Zuera, e o Nego Di não faz ideia de onde esteja. Fez propaganda e zoeira porque acreditou que o negócio poderia funcionar, mas não funcionou — argumenta o advogado do humorista, Hernani Fortini.
— Foram semanas em que ele não tinha como entender que era um golpe, com a coisa acontecendo tão rápida e amarrada do jeito que estava. As explicações dos problemas com os produtos eram extremamente detalhadas e razoáveis, o dono da loja convencia o Dilson de que tinha mercadoria presa nos portos ou com outro problema de logística — relembra.
O escritório Fortini e Volcato faz a defesa de Dilson Neto. O ex-BBB criou uma conta para reunir fundos visando devolver os valores que as pessoas perderam ao comprar produtos que não foram entregues pela loja virtual em questão.
— A tentativa de reembolso é uma questão de boa-fé do Dilson, pois ele não teve nenhuma vantagem com essas vendas para querer resolver este problema. Não queremos que as queixas diminuam, queremos que a Justiça avance para responsabilizar os verdadeiros autores deste golpe — complementa o advogado, que afirma que 10 clientes já foram reembolsados pelo humorista:
— Filtrar os e-mails de quem realmente fez compras dos que estão forjando um pedido falso é um trabalho difícil. Entramos em contato com o site que intermediava as compras da loja virtual para conseguir a comprovação de quem foram os clientes e qual valor, mas é algo que leva tempo. Priorizamos as compras menores, acreditamos que se tratam das pessoas com menor poder aquisitivo e maior necessidade de receber seu dinheiro de volta o quanto antes.
O advogado Guilherme Moraes, que representa grupo de clientes lesados, confirmou que se reuniu com os advogados de Dilson para debater o funcionamento da conta bancária para fornecer reembolsos. Hernani afirma que as partes se encontraram ao meio-dia de sábado (23).