A Polícia Civil, com apoio da Brigada Militar, realiza operação, na manhã desta terça-feira (24), no âmbito da investigação sobre o caso de dois mortos e um ferido encontrados no porta-malas de um carro na Região Metropolitana. São cumpridos 11 mandados de busca e dois de prisão em Canoas, Porto Alegre, Guaporé e Charqueadas — até as 8h15min, uma pessoa havia sido presa.
Conforme a apuração, os três homens teriam sido vítimas de uma nova facção criminosa que se instalou em Canoas. Ainda segundo a polícia, teria havido uma desavença no dia em que eles ingressariam no grupo para atuar como transportadores de drogas.
O trio foi encontrado com marcas de pauladas na cabeça dentro de um veículo na Estrada Passo do Nazário, no limite entre Canoas, Cachoeirinha e Esteio. O sobrevivente segue em coma no hospital.
A investigação e a operação são realizadas pelo titular da Delegacia de Homicídios de Canoas, Robertho Peternelli. De acordo com a apuração, o primeiro passo foi definir qual delegacia ficaria com o caso, tanto é que o nome da ofensiva é "Tríplice Fronteira".
Peternelli confirma que as vítimas foram encontradas em Cachoeirinha, mas o caso acabou ficando com ele. Depois disso, o Instituto-Geral de Perícias (IGP) identificou as três vítimas e encontrou digitais no carro onde elas estavam.
Após a confirmação de um dos suspeitos de envolvimento — um homem de Canoas —, a polícia chegou a uma mulher de Guaporé e ainda investiga a participação de mais duas pessoas no crime — que não são alvo da operação desta terça. Os nomes não estão sendo divulgados porque o trabalho continua.
O crime
A investigação apurou que as três vítimas foram até um condomínio no bairro Guajuviras, em Canoas, porque estariam ingressando em uma nova facção que existe na região e iriam receber a primeira missão.
— Apuramos que eles seriam transportadores de drogas, mas houve algum problema, alguma desavença que estamos averiguando e somente com a prisão e os depoimentos dos suspeitos para apurarmos. Além disso, o sobrevivente segue em coma e, por isso, não temos o motivo certo para os crimes — afirma Peternelli.
O delegado diz que, depois da desavença, as vítimas foram agredidas a pauladas, enroladas em cobertores, amarradas e colocadas no porta-malas de um Gol branco, com placas de Imbé. De acordo com a investigação, o objetivo seria jogar o carro em um rio que existe nas proximidades da Estrada Passo do Nazário, mas os criminosos não conseguiram.
Luminol
Além dos dois mandados de prisão — contra o homem que teve digitais encontradas no veículo e a mulher que teria armado a emboscada —, houve cumprimento de mandado de buscas. Os agentes usaram até cães farejadores.
Uma das ordens judiciais foi cumprida no condomínio residencial no bairro Guajuviras onde a facção atua e onde as vítimas foram agredidas inicialmente. Peritos estiveram no local, com a presença dos policiais, para aplicar luminol.
A substância é um pó formado por átomos de carbono que reage com o ferro que tem no sangue, liberando luz azulada que pode ser vista no escuro. A utilização do produto é importante para detectar a presença de sangue de suspeitos ou de vítimas em um determinado local.
Outro mandado de busca foi cumprido em uma cela de presídio de Charqueadas, onde um integrante da facção está detido — ele é apontado com um dos líderes do grupo. Neste caso, o objetivo foi apreender o celular de um apenado que teria dado ordens para a execução dos três homens.
A polícia diz que ele mandou várias mensagens antes e depois do crime. O conteúdo das conversas pode auxiliar na elucidação das mortes e da tentativa de homicídio, principalmente sobre motivação e envolvimento de outros integrantes da organização criminosa.
As vítimas
Os mortos foram identificados pela perícia alguns dias depois do crime. Um deles é Maximiliano Corrêa Rodrigues, 32 anos, com cinco antecedentes criminais por roubo de veículos, dois por roubo a pedestres, três por assaltos ao comércio, dois por roubos a residências e mais três por furtos. O outro é Jair André de Quadros Figueira, 40 anos, com sete passagens pela polícia por lesão corporal, seis registros por posse de drogas e uma apropriação indébita.
O terceiro homem que estava no porta-malas foi socorrido em estado grave e encaminhado a um hospital da Região Metropolitana, onde permanece, em coma. Com 25 anos de idade, ele tem apenas um antecedente criminal, por lesão corporal. Por questões de segurança, o nome do hospital em que está internado não estão sendo divulgado.