A Polícia Civil deflagrou, nesta quinta-feira (26), operação para desarticular um esquema de agiotagem que envolve ameaças e possíveis assassinatos na Grande Porto Alegre. As investigações — que resultaram em três ordens de prisão preventiva e em vários mandados de busca e apreensão — apontam para uma rede de cobrança de empréstimos feitos a juros extorsivos e que seria movimentada pela maior facção criminosa do Estado.
Conforme a polícia, o grupo teria inclusive se especializado em assumir a cobrança de débitos. Uma imobiliária, sob investigação, teria recebido dinheiro dos quadrilheiros e repassado aos criminosos a tarefa de cobrar a dívida de um cliente — que foi ameaçado por homens armados.
A reportagem falou com um vendedor que é ameaçado pela quadrilha. Confira o relato, prestado de forma anônima:
"Eu vivia com a companheira e alugava apartamento em meu nome, para ela. Quando separamos, continuou o imóvel no meu nome e ela morando lá. Avisei o proprietário que ela iria arcar com os pagamentos. Mas ela não conseguiu, durante a pandemia, ficou mal de dinheiro.
Aí eu estava um dia em frente à empresa em que trabalho como vendedor quando chegou um carro. Desceram dois homens e me ameaçaram, dizendo que eu devia R$ 18 mil. Eu neguei. Eles chamaram meus chefes, na minha frente, falaram um monte de mentiras, sujaram minha imagem.
Depois eles disseram que o débito do aluguel, que eu desconhecia, era agora com eles. Disseram que voltariam às 14h e quebrariam minhas pernas, se não pagasse. Fui na polícia e prestei queixa.
Acho que o proprietário da imobiliária onde minha ex-companheira devia é que repassou a dívida para eles.
Minha vida virou do avesso. Vivo escondido. Não posso sair de casa. Perdi o trabalho, tive de sair do emprego e me mudar. Tenho pânico de sair à rua. Só conto com a polícia. Acho que a pessoa tem de denunciar, não pode se mixar para esse tipo de gente".