A Polícia Civil e a Brigada Militar (BM) reuniram 167 agentes na manhã desta sexta-feira (11) para deflagrar uma operação que é resultado de seis meses de investigação. Os policiais cumprem 21 mandados de prisão e outros 26 de busca em Viamão, Porto Alegre, Canoas e Novo Hamburgo.
Um grupo estabelecido nos bairros Santo Onofre e Viamópolis, em Viamão, se aliou a outro da Capital, no bairro Coronel Aparício Borges e na Grande Cruzeiro, em uma espécie de intercâmbio para fornecimento de drogas e armas. Segundo a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) da cidade, os suspeitos movimentam R$ 500 mil mensais somente com o tráfico de crack. Até 11h, 15 pessoas haviam sido presas e cinco quilos de cocaína apreendidos, além de mais de 200 pedras de crack. Uma prensa usada na confecção de drogas também foi localizada.
O delegado Eduardo Amaral, responsável pela investigação, diz que esta operação é uma primeira fase de todo o trabalho, sendo o foco atual o combate à venda de entorpecentes que, apesar de terem dois grupos distintos, ambos estão ligados a uma facção que tem base no Vale do Sinos.
— Mas não é atacar o vendedor, a ponta do esquema, identificamos e estamos prendendo lideranças, gerentes. Conseguimos comprovantes, por exemplo, de pagamentos diários de até R$ 60 mil — diz Amaral.
Segundo o delegado Amaral, esta primeira etapa tem como foco direto o tráfico, principalmente o de crack, que ocorria entre os dois grupos. Ele diz que a droga vem de fora do País para um grande distribuidor que vende para traficantes intermediários. Estes, no caso os grupos de Viamão e Porto Alegre que estão sendo investigados, fracionam o produto para revender a pequenos traficantes ou diretamente a usuários.
Ataque aos líderes do esquema
Amaral diz que ainda está contabilizando a movimentação financeira em relação a outros tipos de drogas, o que irá constar na conclusão do inquérito. Sobre os suspeitos, dos 21 que têm mandado de prisão preventiva, sete já estavam no sistema prisional, de onde davam ordens para o tráfico e execuções.
Um dos líderes — considerado como gerente superior — está no Presídio Central e o outro — considerado o principal alvo por ser o responsável máximo por todo o esquema criminoso — atuava na rua e já era procurado por ter seis mandados de prisão contra ele. Isso contando a ordem judicial cumprida nesta sexta-feira.
Contratos temporários
Os demais integrantes do esquema, segundo o delegado Amaral, eram gerentes intermediários, operacionais e de pontos de tráfico. Havia um núcleo logístico responsável apenas por contratar pessoas para o transporte de drogas e armas, geralmente moradores das regiões onde os dois grupos operavam que não têm antecedentes criminais.
Com o objetivo de despistar a polícia ou grupos rivais, estas pessoas têm atividades fora do tráfico de entorpecentes e cinco delas foram identificadas. Inclusive, são alvo da operação policial. Uma é motorista de aplicativo e a outra trabalhava em um supermercado em Viamão. Também há companheiras de traficantes.
O delegado Amaral diz ainda que os grupos investigados também passaram a utilizar, nos últimos meses, drones para enviar drogas a presídios. Este fato, assim como outros tipos de drogas e demais movimentações financeiras, serão investigados posteriormente.