Com troca de tiros e ações criminosas em diferentes pontos de Porto Alegre, a onda de ataques orquestrada por duas facções já deixou 11 pessoas mortas em nove dias, conforme a Polícia Civil. A primeira morte da série teria ocorrido no dia 15, no bairro Tristeza, e a mais recente na quarta-feira (23), no bairro Medianeira.
Conforme a Polícia Civil, apenas uma das pessoas que morreram não tinha nenhum indiciamento por crimes. Até o momento, pelo menos oito suspeitos foram presos e dois menores de idade, apreendidos.
De acordo com o diretor da Divisão de Homicídios da Capital, delegado Eibert Moreira, a motivação para a série de ataques seria uma dívida de tráfico de drogas entre uma facção que atua na Vila Cruzeiro, na zona sul de Porto Alegre, e outra que tem origem no Vale do Sinos.
Segundo a investigação, as ações foram encomendadas de dentro de presídios, por lideranças das duas facções. Pela forma como os atentados são feitos, em diferentes locais da cidade, o objetivo dos ataques é causar instabilidade ao grupo rival, como retaliação, explica Eibert.
No total, foram contabilizados 13 ataques desde o dia 15. Ao menos seis tentativas de homicídio, durante essas ações, são investigadas, e há pessoas que ficaram feridas.
O diretor afirma que a polícia está focada na investigação e que as equipes trabalham em conjunto para frear os ataques. A polícia deve solicitar medidas cautelares à Justiça, como prisões preventivas, e também atua para identificar envolvidos nos casos — tanto pessoas presas quanto as que estão em liberdade.
De acordo com o comandante-geral da Brigada Militar, coronel Cláudio dos Santos Feoli, a corporação atua "fortemente" para coibir os crimes, junto com a Polícia Civil. Ele afirma também que a BM solicitou à Secretaria de Segurança Pública que lideranças de grupos criminosos sejam transferidas da Cadeia Pública de Porto Alegre para instituições de maior nível de segurança.
— Temos também reforçado o efetivo com o comando de Polícia de Choque. Eles são deslocados sempre que necessário para dar esse suporte. Foram enviados a pontos que precisam de reforço, como a região da Cruzeiro e da Restinga, onde foram realizados alguns dos ataques.
Ataques fecharam unidade de saúde
Os ataques ocorrem de diferentes formas e em espaços distintos da Capital. Nem todos eles resultaram em mortes. Os casos já foram registrados de manhã, à tarde e à noite, em pontos conhecidos do tráfico de drogas, como na Vila Cruzeiro, e também em uma rua tradicional do Centro Histórico, a Fernando Machado.
Em um dos atentados, na manhã de segunda-feira (21), um tiroteio perto de uma unidade de saúde na Avenida Moab Caldas, no bairro Santa Tereza, fez com que o local ficasse fechado naquele dia. Duas pessoas morreram na ação. Os atendimentos na unidade foram retomados no dia seguinte.
Na noite do dia 17, na Vila Planetário, no bairro Santana, o estudante Rodrigo Fagundes Cabreira, 16 anos, foi morto. O jovem começaria um estágio no Palácio da Polícia no dia seguinte, segundo a familiares. Uma mulher de 27 anos e o seu filho de três anos foram atingidos de raspão pelos disparos.