A Polícia Civil já identificou cinco participantes de uma live na internet que transmitiu a tortura e assassinato de um cão na cidade de Lindolfo Collor, no Vale do Sinos. Desses, quatro são gaúchos – um deles é o rapaz que furtou o animal e o dilacerou, em transmissão ao vivo pelas redes sociais. Os outros incitaram a prática da violência. Do grupo, três são menores de idade.
Dos cinco, os quatro gaúchos devem ser responsabilizados por apologia ao crime, sendo que o autor do assassinato do animal também responderá por maus tratos. Ele já foi indiciado por esses dois delitos. O quinto integrante do grupo mora em Goiás e não se sabe o resultado da investigação.
O jovem, de 17 anos, foi apreendido com ordem judicial e internado numa unidade da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Fase) destinada a menores de idade infratores. Ele é ajudante de obras e filho de um pedreiro. O adolescente toma medicamentos psiquiátricos de uso contínuo e desde criança apresenta problemas psicológicos, relataram seus familiares, em depoimento (inclusive à reportagem de GZH).
O adolescente disse que torturou e matou o cão como uma espécie de ritual de iniciação para participar de um grupo que divulga ideias extremistas nas redes sociais. Entre elas, pregações neonazistas. Mais de duas dezenas de integrantes desses grupos foram identificados por policiais de diversos estados brasileiros. Alguns inclusive usam capacete e fazem saudações nazistas, em vídeos.
Tramitam contra eles diversas investigações policiais. No caso do cão, são cinco os identificados e investigados (um de Goiás, os demais das cidades gaúchas de Lindolfo Collor, Alvorada, Tramandaí e Porto Alegre). Eles estimulavam, em chat na internet, a tortura do animal. O caso é investigado pela delegada Raquel Peixoto.
O adolescente que torturou e matou o cão vai responder também por furto do animal (que pertencia a uma vizinha) e por outro episódio: o e-mail dele foi usado para fazer ameaças a funcionários da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O e-mail com o avatar dele na internet e também o seu CPF faz declarações agressivas direcionadas ao comando da agência, com a promessa de que os diretores do órgão "pagarão caro" por aprovarem a vacinação contra a covid-19 para crianças no Brasil.
No e-mail, o adolescente ameaça "purificar a terra onde a Anvisa está instalada usando combustível abençoado". Ele manda seus dados pessoais, diz que mora no Rio Grande do Sul e desafia "os parasitas da PF" a encontrá-lo. Ele se despede com uma saudação nazista.
O caso foi para a Polícia Federal, por envolver uma agência federal.
Todos esses jovens são também investigados por apologia ao nazismo, em inquérito conduzido pela Delegacia da Intolerância, da Polícia Civil gaúcha. O inquérito também investiga dezenas de rapazes que usam objetos e símbolos nazistas e promovem incitação ao ódio. Alguns já sofreram busca e apreensão de material que comprova essas conexões.