Em uma ação realizada nesta semana pela Polícia Civil e pela Receita Federal, um grande carregamento do anestésico conhecido como tetracaína - utilizado para potencializar efeito psicotrópico e volume da cocaína - foi apreendido na BR-448, em Porto Alegre, nas proximidades da freeway.
As autoridades estavam monitorando nos últimos meses uma rota rodoviária usada por traficantes entre a Fronteira Sul - provavelmente originária no Uruguai - e a Região Metropolitana e, na última quarta-feira (24), localizaram 1,6 tonelada do produto escondida dentro de um caminhão que simulava transportar apenas sucata.
O titular da 3ª Delegacia do Departamento de Investigações do Narcotráfico (Denarc), delegado Alencar Carraro, explicou que a divulgação está sendo realizada nesta sexta-feira (26) porque o material apreendido foi encaminhado para perícia e, depois disso, houve a confirmação de que se tratava mesmo de tetracaína. A droga é utilizada na medicina e tem comercialização controlada no Brasil. Carraro destaca que ela é mais potente do que a lidocaína, tradicional produto também aproveitado na mistura com cocaína para aumentar o volume e o poder de alucinógeno.
A partir desta ação, que resultou na prisão em flagrante do motorista do caminhão, a polícia investiga tráfico internacional nesta rotas. O objetivo é averiguar os fornecedores e os receptadores. Carraro já tem indícios, mas não pode divulgar no momento porque o inquérito está em andamento, contudo, ele apenas revela que o ponto de entrega do anestésico seria em Cachoeirinha.
— Ainda estamos investigando tudo, inclusive, destaco que já apreendemos nesta mesma rota envolvendo o Uruguai, isso há duas semanas, 25 quilos de haxixe. Sobre a tetracaína, o valor apurado desses 1,6 mil quilos é de R$ 6 milhões — destaca Carraro.
O caminhão que transportava a tetracaína havia saído de Santana do Livramento e foi apreendido após a abordagem nesta semana, sendo encaminhado para perícia em busca de digitais. O anestésico em pó estava dentro de sacos plásticos em 150 caixas de papelão na caçamba do veículo. Carraro acredita que, após a mistura do fármaco com a droga, os traficantes poderiam produzir até 5 toneladas de cocaína.