Após cinco meses de investigação, a Polícia Civil deflagrou nesta sexta-feira (26) uma operação contra uma quadrilha especializada em usar maçaricos para arrombar caixas eletrônicos na região metropolitana de Porto Alegre.
Foram identificadas 12 pessoas — sendo duas delas detidas em flagrante em julho deste ano. Conforme a polícia, a quadrilha planejava realizar ao menos dois ataques por semana em dezembro, pelo fato de haver maior movimentação de dinheiro no período.
A chamada Operação Fire é realizada pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de Canoas. O delegado Thiago Lacerda coordenou 45 agentes, que cumpriram cinco mandados de busca e um de prisão temporária na cidade e em Esteio — até as 8h30min, uma pessoa havia sido presa.
Segundo ele, uma forma de atuação dos ladrões, na fase de planejamento dos ataques, chamou atenção: parte do grupo era responsável por gravar vídeos das máquinas e dos locais escolhidos como alvos para orientar os demais integrantes que iriam executar os crimes.
A quadrilha, segundo Lacerda, agia de forma organizada, tendo um membro específico para cada tipo de ação — desde o planejamento, passando pela logística e execução —, para depois ter a distribuição de valores e a lavagem de dinheiro. O primeiro fato registrado e atribuído oficialmente ao grupo ocorreu em 14 de julho deste ano.
De acordo com o delegado, o grupo realizou o furto de um terminal bancário em um posto de combustíveis em Esteio. Na ocasião, a polícia foi acionada rapidamente e conseguiu prender duas pessoas.
— Eles conseguiram levar parte do dinheiro, e a outra não porque tiveram de fugir às pressas. Mas eles não contavam com um dispositivo de segurança, que deixou as notas todas manchadas com tinta — conta Lacerda.
Durante o monitoramento feito pela polícia, foi possível obter áudios de conversas entre os integrantes do grupo destacando que não obtiveram sucesso devido ao fato de as notas terem saído do caixa eletrônico manchadas com a tinta vermelha:
A polícia apurou que, após a prisão dos dois integrantes em julho, a quadrilha buscou novos membros.
Planejamento e gravação de imagens
Conforme a investigação, parte do grupo era responsável pelo planejamento dos ataques, realizando o monitoramento dos locais por vários dias, anotando o movimento de pessoas e de viaturas da Brigada Militar que circulavam no entorno. Eles ainda gravavam vídeos dos terminais.
— Eles faziam as imagens como se estivessem estacionando um carro em frente ao prédio onde ficava o caixa eletrônico, mostrando o entorno da rua, para depois sair caminhando em direção ao terminal, sempre gravando, e se aproximando do caixa, filmando todos os detalhes da máquina — diz o diretor da 2ª Delegacia Regional Metropolitana, delegado Mario Souza.
O diretor destaca que está sendo apurada uma conversa pelo WhatsApp, entre os criminosos, sobre uma possível tentativa de infiltrar um integrante do grupo em órgãos públicos, inclusive no Palácio da Polícia, por meio de empresas de prestação de serviços. Segundo Souza, o fato está sendo investigado, mas não chegou a ocorrer.
Lacerda diz que foi possível identificar 12 pessoas que teriam participado dos furtos. Todas têm algum tipo de passagem pela polícia, como por exemplo: furto, roubo a lotéricas, estabelecimentos comerciais e à residência, além de homicídio, porte ilegal de arma de fogo, receptação e sequestro.
Em relação aos presos, a polícia conseguiu provas diretas da participação deles nos crimes. Já os demais integrantes do grupo seguem sendo investigados e serão responsabilizados até a conclusão do inquérito. Devido a este fato, os nomes dos detidos não foram divulgados.