Considerada a maior quantidade já apreendida da droga pela Polícia Federal (PF) no Estado, as 2,7 toneladas de cocaína pura localizadas no centro de Pelotas seriam enviadas para fora do país pelo porto de Rio Grande, de acordo com a investigação. A droga foi encontrada na noite de terça-feira (16) em uma casa que funcionava como um depósito após cerca de dois meses de monitoramento.
De acordo com o delegado da PF em Pelotas, Robson Robin, a movimentação do grupo indicava que os criminosos não tinham relações no município e que a droga seria despachada para fora e não vendida no Estado. O delegado explica que os pacotes de cocaína estavam embalados com material que tem quatro camadas de proteção, que evita a entrada de água e dificulta que o odor seja percebido pelo faro de cães, por exemplo.
— É um método que chamamos de rip-on, rip-off, que serve para que as embalagens sejam colocadas rapidamente dentro de contêineres de exportadores que não têm conexão com o tráfico. Há também a questão da proximidade com o porto. É todo um cuidado, uma série de fatores que indicam que a droga muito provavelmente seria destinada para exportação — explica Robin.
No momento da ação, cincos homens, que cuidavam da quantia, foram presos e encaminhados para o presídio de Pelotas. Eles têm endereços declarados no Vale do Sinos, segundo a polícia.
O grupo criminoso dono da droga, no entanto, não é do Estado, mas de outra parte do país, conforme a investigação. Todas as informações ainda são apuradas pelas equipes.
A investigação de combate a esse tipo de crime é permanente no município, já que Pelotas é tida como rota do tráfico internacional de drogas, explica Robin:
— Pelotas é um município desenvolvido. Tem bons hotéis, restaurantes, é próximo do porto. São pontos positivos, uma estrutura da qual o crime também quer se beneficiar. O que observamos é que eles não se conectaram com ninguém daqui. Não visitavam ninguém, não interagiam. Seguramente não é um grupo criminoso aqui do Sul.
A investigação ocorre há pelo menos dois meses, quando suspeitos passaram a ser monitorados pela polícia. Eles chamaram atenção das equipes de inteligência (que engloba diferentes polícias) porque não tinham contatos na cidade. Sem familiares nem empregos na região, a única ligação do grupo ao município era o imóvel usado. Eles também saiam da casa apenas para comer, e logo retornavam, o que foi considerado suspeito.
— Não havia um comportamento de residência, de quem mora ali, nem de quem trabalha na região. Então aumentou a suspeita de que ali dentro poderia estar ocorrendo algum delito e a vigilância foi intensificada. Na terça, observamos que eles se preparavam para retirar a droga do local. Quando entramos na casa, não tinha um móvel, uma vassoura velha, nada. Apenas as drogas — descreve o delegado.