Perfis em redes sociais são aliados dos comerciantes para divulgar negócios, mas podem se transformar em dor de cabeça. Sócia-proprietária do Agridoce Café, na Cidade Baixa, em Porto Alegre, Raquel Sonemann já perdeu as contas de quantas vezes deparou com perfis falsos. Em todos eles, golpistas se passam pelo estabelecimento com o intuito de angariar seguidores, anunciar falsas promoções e capturar o WhatsApp das vítimas. Casos semelhantes, envolvendo principalmente hotéis e restaurantes, são investigados pela Polícia Civil.
O café na Capital passou a orientar os clientes a ficarem atentos para não caírem nos golpes. Mas, mesmo assim, relatos de pessoas que acabam enganadas são frequentes. GZH conseguiu constatar pelo menos um perfil ativo que ainda usa o nome do café. A página registrada como “agriidocecafe” possui 92 seguidores, enquanto a oficial tem 79,2 mil.
– Ficamos com as mãos atadas. Muitas vezes fazemos a denúncia para o Instagram. Pedimos que clientes também façam e, mesmo assim, as páginas seguem no ar. É muito inconivente mesmo. Com o tempo, as páginas falsas passaram a bloquear a página do Agridoce. Assim, demoramos mais a perceber esses perfis – relata Raquel.
O próprio café acabou alterando sua interação na rede social com os clientes para evitar transtornos. As promoções, que antes eram realizadas em datas especiais, deixaram de ser feitas. A medida tenta evitar que os clientes confundam a página oficial com as falsas.
– Passamos a fazer contato com cada um dos usuários que estavam seguindo as páginas falsas, para alertar que aquela não era a conta verdadeira. Tudo o que podíamos fazer, fizemos. Mas claro que ficamos pensando nas pessoas que foram lesadas – lamenta Raquel.
Desde o começo do ano passado, a equipe do Hotel Bangalôs da Serra, em Gramado, já identificou nove perfis falsos. Sócia-proprietária do estabelecimento há 35 anos, Marilu Kern tenta evitar que clientes sejam lesados. O hotel passou a divulgar informações em suas redes sociais, orientando as pessoas sobre como não cair no golpe.
– Usam nomes muitos similares, só mudam uma letra e criam conta falsa. Isso faz com que as pessoas acabem achando que é – afirma.
Esse tipo de estratégia dos criminosos, segundo a Polícia Civil, faz parte de uma série de golpes que são aplicados com intuito de capturar as contas de WhatsApp e, com isso, obter dinheiro fácil. Os casos de estelionato vêm aumentando no RS desde março ano passado. E a internet é um dos principais meios usados pelos estelionatários para acessar vítimas de forma ágil.
– São diversas formas que os criminosos sempre buscam para obter código de segurança. Minha primeira dica é sempre desconfiar. Na dúvida, se existe a promoção, o indicado é que entre em contato para saber se é o perfil, antes de passar qualquer informação – alerta o delegado André Anicet, da Delegacia de Repressão aos Crimes Informáticos e Defraudações.
No golpe, os criminosos criam página falsa, como se fosse o perfil real. A partir daí, conseguem capturar seguidores, que pensam estar em contato com a página original. Depois, enviam mensagens informando que a pessoa recebeu um voucher ou foi sorteada para receber um prêmio.
Os estelionatários pedem que a pessoa, que pensa ter sido sorteada, confirme o código recebido em seu telefone, para que possa receber o prêmio. É neste momento que eles conseguem capturar o WhatsApp da vítima. Isso porque o número enviado é, na verdade, o código verificador da conta. O criminoso passa então a enviar mensagens para amigos e familiares da vítima, solicitando dinheiro.
Como funciona o golpe
Os criminosos criam uma página falsa, como se fosse um clone do perfil real. Para isso, utilizam o mesmo logotipo, nome e endereço. Utilizam inclusive as fotos publicadas pelo estabelecimento alvo e fazem postagens no perfil fake.
A partir daí, conseguem capturar seguidores, que pensam estar em contato com a página original. Depois disso, enviam mensagens no privado informando que a pessoa recebeu um voucher ou foi sorteada para receber um prêmio, como um jantar grátis.
Os estelionatários pedem que a pessoa, que pensa ter sido sorteada, confirme o código recebido em seu telefone, para que possa receber o prêmio. É neste momento que eles conseguem capturar o WhatsApp da vítima. Isso porque o número enviado é, na verdade, o código verificador da conta.
Assim que os golpistas conseguem capturar o WhatsApp, a pessoa perde o contato com a sua conta. O criminoso passa então a enviar mensagens para amigos e familiares da vítima, solicitando dinheiro. Para isso, inventa diferentes desculpas. Caso a transferência seja feita, ele receberá o dinheiro.
Dicas para não cair no golpe
Clientes
- Fique atento ao número de seguidores. Perfis falsos, em geral, têm poucos, embora possam seguir muitas pessoas
- Desconfie se o perfil for muito recente e tiver poucas fotos
- Verifique a data das postagens no perfil. Golpistas costumam publicar todas no mesmo dia
- Erros de grafia na descrição da página também podem ser um alerta
- Se estiver em dúvida, entre em contato com o estabelecimento por telefone e confira se aquela promoção está mesmo ativa
- Se for contatado por algum local informando que foi sorteado, ligue o alerta e duvide antes
- Não repasse jamais código de verificação enviado para seu telefone
- Habilite a verificação do WhatsApp em duas etapas
- Se for vítima, procure a polícia e registre ocorrência
Estabelecimentos
- Se constatar algum perfil falso, se possível, alerte seus clientes e o próprio Instagram
- Colabore com a divulgação de informações que auxiliam seus clientes a se precaverem
- Se possível, tente solicitar a verificação da sua conta no Instagram
- Caso perceba que está sendo vítima, registra ocorrência
Fonte: Polícia Civil-RS