A Polícia Civil reuniu, na manhã desta quarta-feira (26), 240 agentes para cumprir 37 mandados de prisão e 41 de busca na Região Metropolitana. Os alvos são integrantes de uma facção criminosa que tem base no Vale do Sinos, mas, neste caso, age em Gravataí realizando telentregas de drogas.
Vinte dos investigados são considerados "gerentes" do esquema que, segundo a polícia, cresceu muito durante o período de distanciamento social. A maioria está na mesma galeria do Presídio Central e, de dentro da cadeia, movimenta remessas de 200 quilos de entorpecentes por semana.
As ordens judiciais foram cumpridas nas cidades de Gravataí, Cachoeirinha, Alvorada e Porto Alegre. Além dos gerentes, estão sendo presos motoboys e motoristas que alugam carros em nome de laranjas para vender as drogas.
A operação se encerrou com 10 pessoas presas — além de 14 com mandados que já estão no Central.
A investigação é do delegado Guilherme Calderipe, titular da 2ª Delegacia de Polícia de Gravataí. Segundo ele, os gerentes comandavam o tráfico de dentro das suas celas e vendiam para boa parte da Região Metropolitana. Este braço da facção, instalado em Gravataí, era responsável pelo ingresso de aproximadamente R$ 2 milhões em entorpecentes na cidade para abastecer as telentregas.
— (No último dia 13) Nossa equipe localizou 190 quilos de maconha e outros 10 de crack e cocaína em dois depósitos da facção, em Gravataí e Cachoeirinha. Entre os presos, identificamos um dos líderes, tratado pelos criminosos como um executivo do crime organizado, porque ele não lidava com vendedores ou executores do tráfico, só com os gerentes — explica Calderipe.
Parte dos investigados já havia sido alvo de operação policial recente. No dia 28 de abril, agentes da própria 2ª Delegacia de Gravataí prenderam três suspeitos ligados a telentregas de drogas gerenciadas por um dos detentos do Central.
Crime organizado
Durante a apuração, a polícia descobriu um grupo de WhatsApp criado pelos investigados para decidir formas de pagamento, entregas e regras de compra e venda, além de determinar os locais onde cada um poderia atuar em Gravataí. Segundo as mensagens, uma telentrega não poderia ser realizada na área de um ponto fixo de tráfico para evitar conflitos e, principalmente, prejuízo no negócio ilícito.
— Quando um deles (gerentes que estavam na cadeia) não conseguia atender um cliente por telentrega, eles acionavam os comparas por meio do grupo de WhatsApp, e, assim, um motoboy ou motorista com carro alugado era acionado para dar apoio ao outro. Avisavam ainda sobre barreiras, abordagens e movimentação policial — diz Calderipe.
Durante a investigação, iniciada há alguns meses, sete suspeitos foram detidos.