A morte de um homem negro espancado no estacionamento do supermercado Carrefour, no bairro Passo d'Areia, em Porto Alegre, tem repercutido entre entidades na manhã desta sexta-feira (20). João Alberto Silveira Freitas foi agredido por seguranças, um deles policial militar temporário, na noite desta quinta-feira (19), às vésperas do Dia da Consciência Negra.
O Conselho Estadual de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra (Codene-RS) emitiu nota destacando “indignação e repúdio a ações dessa natureza que, mais uma vez, recai sobre a população negra já tão exposta à violência de toda ordem cotidianamente". A entidade ainda exigiu a apuração dos fatos pelas autoridades competentes e a imediata responsabilização dos agressores, encerrando o e-mail com a frase “vidas negras importam!”.
A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil do Rio Grande do Sul divulgou nota afirmando que acompanhará todos os desdobramentos do episódio. A Comissão da Igualdade Racial da OAB/RS também deve estar em cima da evolução das investigações do episódio. “A missão institucional da OAB/RS é assegurar a transparência das investigações e acompanhar as apurações e circunstâncias com a devida responsabilização dos envolvidos”, afirmou a entidade.
A Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Sul repudiou o assassinato, prestando condolências à família de João Alberto. “Embora o caso ainda esteja sob investigação, as imagens de extrema violência veiculadas na imprensa e em redes sociais falam por si”, diz a nota divulgada.
O Movimento Negro Unificado (MNU) publicou reação nas redes sociais. Prestou solidariedade à família e destacou o Dia da Consciência Negra: “Hoje, mais do que nunca, é dia de lutarmos contra o genocídio do povo negro, contra a violência racial e pela vida da população negra. O MNU exige punição para os culpados. Racismo é crime! Reaja à violência racial! Vamos à luta por justiça!”
A Secretaria de Estado da Cultura (Sedac) se pronunciou: “Lamentamos profundamente o fato ocorrido no Hiper Mercado Carrefour, em Porto Alegre, resultando na morte violenta de um cidadão gaúcho negro. Reconhecemos o racismo estrutural histórico tão nefasto para o desenvolvimento social e econômico de nosso país. Estamos fazendo nossa parte para mudar essa realidade, trabalhando para a implementação de políticas públicas, construindo ações afirmativas permanentes para a população negra gaúcha. Não podemos nos conformar diante do racismo e de qualquer forma de discriminação”.
Por telefone, o presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, Jair Krischke, destacou que o Brasil vive um “racismo enrustido”, com alta exclusão social, e lamenta “mais um episódio que quase tem se tornado uma rotina no país”. Ele afirmou também que o homem foi “assassinado barbaramente por ser negro". O Movimento deve acompanhar de perto o processo criminal para exigir o cumprimento da lei.