Representantes do governo do Uruguai detalharam, nesta quinta-feira (1º), em coletiva de imprensa, a prisão do assaltante de banco gaúcho Igor Machado, 47 anos, em Montevidéu. As autoridades daquele país confirmaram que o jovem de 21 anos preso na mesma ação, ocorrida na quarta (30), é filho do procurado criminoso. A divulgação foi feita em um ato com peso institucional, com a presença dos líderes da Polícia Nacional, da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) e do Ministério do Interior uruguaio.
O filho, segundo o informado, foi preso em uma casa na praia de Ciudad de La Costa, município limítrofe da capital do Uruguai. Na residência, um chalé, as autoridades comunicaram que localizaram, em oito cômodos, mais de 500 pés e mudas de maconha, além de 10 aparelhos de ar condicionado, fungicidas, fertilizantes e estufas para a plantação da droga. Também foi encontrado um revólver e uma pistola de ar comprimido.
O jornal uruguaio El País registrou que o ministro do Interior, Jorge Larrañaga, declarou que a prisão mostra a vontade do país em combater o tráfico e a criminalidade.
— Esta conferência é para transmitir à opinião pública a nossa vontade de combater o narcotráfico e também ressaltar a importante detenção que a Interpol realizou — afirmou o ministro, segundo o periódico.
As autoridades uruguaias trataram Machado como "um dos assaltantes mais buscados do Brasil". Policiais ouvidos por GZH afirmam que as investigações apontam o criminoso como importante em outro meio: no tráfico de drogas. No Paraguai, onde estava estabelecido usando um documento falso, ele teria visitado o megatraficante Jarvis Pavão, apontado como um dos principais fornecedores de cocaína para facções brasileiras como o Primeiro Comando da Capital (PCC).
O filho de Machado deve ser mantido no Uruguai, onde vai responder processo sobre as drogas e a arma. Já Machado deve permanecer no país até manifestação do Brasil por sua extradição. O ministro do Interior uruguaio adiantou que já fez contato com a embaixada brasileira.
Quem é Igor Machado
No Rio Grande do Sul, Machado ganhou notoriedade nos anos 1990 e nos 2000 por violentos roubos a bancos e a carros-fortes, marcados pelo uso de explosivos. O criminoso é considerado um dos pioneiros em assaltos do tipo. A última vez em que havia sido preso foi em 2009, em Florianópolis, quando passou apenas 10 dias na cadeia, já que a Justiça o autorizou a progredir para o regime semiaberto e, logo depois, fugiu no Instituto Penal de Charqueadas. O criminoso tem 17 anos de condenação.
Depois de ser preso em 2009, Machado – que já detinha extensa lista de crimes – mudou de área de atuação. Segundo as investigações, passou do roubo a banco para o tráfico de drogas e se aliou à facção paulista Primeiro Comando da Capital (PCC). Para fugir do radar das autoridades, estabeleceu-se no Paraguai.
Em 2018, a Polícia Civil gaúcha esteve perto de prendê-lo e chegou a enviar equipes até o Paraguai, em ações em Ciudad del Este e Assunção. O delegado Arthur Raldi, da Delegacia de Capturas, chefiou a missão. Ele recorda que os investigadores gaúchos conseguiram descobrir o documento de identidade falso que era usado por ele, mas ele não foi localizado.
O delegado afirma que, depois da incursão da polícia gaúcha, repassou as informações para a polícia paraguaia sobre a identidade falsa. Machado se apresentava como Wanderley Ferreira da Rosa e afirmava ser sul-mato-grossense. Foi por meio da descoberta do documento falso que as autoridades identificaram que ele era um dos visitantes frequentes de Jarvis Pavão na cadeia onde estava, o que indicou os laços com um dos barões do crime no continente.
Após voltar ao Brasil, a polícia gaúcha solicitou a inclusão do nome do criminoso na lista da Interpol e manteve em contato com a polícia paraguaia. Em março deste ano, a Interpol identificou que Machado ingressou no Uruguai em um barco. Ele era monitorado desde então e era visto em Montevidéu e em uma casa no Departamento de Canelones.
Na mesma ação em que foi preso, os policiais uruguaios também estiveram na outra casa, em Ciudad de La Costa, onde encontraram quartos preparados para a produção de maconha de forma ilegal. Também foram apreendidos um revólver, réplicas de pistolas e foi preso outro brasileiro que trabalhava no lugar.