Nos seis primeiros meses do ano, foram registradas ao menos 150 ocorrências do chamado golpe do falso leilão no Rio Grande do Sul. A Polícia Civil, que ainda está fechando os dados do trimestre de julho a setembro, afirma que todos os casos estão sendo encaminhados a delegacias do Sudeste do país.
Depois de pagar adiantado por arremates de pregões virtuais para comprar, principalmente, veículos e maquinários agrícolas, as vítimas têm o dinheiro repassado para contas de investigados no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e em São Paulo.
Em apenas uma semana, no final de agosto, sete registros foram feitos em Passo Fundo, no norte gaúcho. Contudo, o delegado Wagner Dalcin, responsável por concentrar os registros durante atuação na 12ª Delegacia de Porto Alegre, afirma há vítimas de várias áreas do Estado, principalmente da Região Metropolitana.
Atraídos por preços abaixo do mercado, empresários, geralmente, ingressam nos leilões online e pagam adiantado pelos arremates ou para garantir a presença nos pregões. Mas logo os sites ficam fora do ar, e as vítimas percebem que caíram em um golpe porque perdem todos os contatos, além do dinheiro investido.
Os valores, em média, vão de R$ 30 mil a R$ 170 mil, conforme o produto.
— Até pouco tempo, alguns destes sites suspeitos de aplicar o golpe do falso leilão online ainda estavam no ar, mas foram bloqueados depois de uma operação policial em São Paulo, já que parte do dinheiro das vítimas que recebemos ocorrência foi para agências do ABC paulista — diz Dalcin.
Os sites eram "escondidos" por um "proxy reverso" localizado nos Estados Unidos, dificultando a identificação dos responsáveis. Proxy reverso é um servidor de rede que mascara o servidor onde realmente fica hospedado o site.
A polícia gaúcha está registrando todas as ocorrências e remetendo para polícias do Sudeste, que são os locais para onde os depósitos bancários das vítimas foram direcionados. Os principais produtos supostamente ofertados são carros, motos, tratores, caminhões e maquinários agrícolas.
Golpes aumentam
Os golpes também foram aplicados em outros Estados brasileiros. No Rio Grande do Sul, GZH apurou que, de uma forma geral, este tipo de estelionato (golpes em geral) aumentou 134% no ano.
No mês de julho, que é o dado mais atualizado até o momento, foram mais de 5 mil casos registrados. A média é de 171 golpes por dia. No mesmo período do ano passado, essa média era de 72 casos.
O crescimento vem acontecendo desde o mês de março. Um dos motivos apontados é o fato de que, durante o distanciamento social, as pessoas estão mais em casa. E, por isso, usando mais a internet e, assim, ficando mais propícias a esta ação criminosa.