A Polícia Civil informou nesta terça-feira (18) que investiga se o bebê de um ano e 11 meses assassinado no último domingo pelo próprio pai também estava sendo torturado. O homem de 19 anos foi preso segunda-feira e, após confessar que matou o filho a pauladas porque ele não parava de chorar, foi encaminhado para uma cela isolada no Presídio Estadual de Alegrete, na Fronteira Oeste.
O delegado Valeriano Garcia Neto, que investiga o caso, diz que, já durante o depoimento na delegacia, a Brigada Militar foi acionada para conter cerca de 20 pessoas que protestavam no local. Uma delas tentou avançar contra o homem no momento em que seria conduzido para a cadeia.
A cela isolada foi também uma medida de segurança para que ele não fosse alvo de agressões por parte dos demais presos.
Em relação à tortura, Neto explica que o médico legista não descarta este indicativo devido às marcas no corpo do bebê.
— Havia sinais de agressões constantes, além das marcas de pauladas na cabeça e nos membros, quando a criança foi encaminhada para o hospital no último domingo, onde morreu — ressalta Neto.
A polícia aguarda mais resultados periciais para saber por quanto tempo a tortura estaria ocorrendo. O prazo para concluir o inquérito é de 10 dias a partir de segunda-feira.
O pai da vítima, que pode responder também por tortura, é investigado por homicídio com o agravante genérico do Código Penal Brasileiro — o que deve aumentar a pena se for condenado — por ser um crime contra descendente.
Os tios paternos do preso, já ouvidos pela polícia, podem responder por eventual omissão. Em depoimento, ressaltaram que cuidavam da criança pelo fato de que o pai era omisso. Mesmo assim, Neto destaca que irá apurar se eles poderiam ter evitado o assassinato.
Depoimento da mãe
A mãe da criança será ouvida nesta terça-feira para dar detalhes sobre a questão da guarda do filho. O bebê estava com o pai na casa dos tios, em Alegrete, já que a polícia afirma que a mãe vivia em situação vulnerável pelas ruas do município.
Há informação também de que havia o acompanhamento do Conselho Tutelar e da Assistência Social da prefeitura. Outras pessoas irão depor durante a semana, e a polícia aguarda resultados periciais e busca outras provas. A polícia não divulga os nomes dos envolvidos no crime para não expor a família e por questões de segurança.