A Polícia Civil concluiu na manhã desta terça-feira (9) a Operação Aurora, que recebeu esse nome porque a quadrilha se especializou em roubar veículos na região metropolitana de Porto Alegre sempre por volta das 7h. Segundo a investigação que durou seis meses, os ladrões se aproveitavam do fato de as vítimas saírem de casa para trabalhar em um horário ainda com pouco movimento.
No período de apuração, chamou atenção dos agentes uma série de mensagens em áudios, textos e vídeos que revelam combinações sobre as ações criminosas e valores de carros revendidos pelos suspeitos, mas também deboche das pessoas assaltadas e ostentação em festas.
Ao todo, cinco suspeitos foram presos preventivamente, sendo um deles em condomínio de luxo no bairro Sarandi, na zona norte da Capital. O investigado tem várias passagens pela polícia e usa tornozeleira eletrônica. Ele teve três carros apreendidos, sendo dois deles blindados, avaliados em R$ 500 mil.
Um dos áudios repassados pelo delegado Rafael Liedtke, da Delegacia de Roubo de Veículos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), confirma justamente o horário em que os ladrões agiam, além de alguns motivos:
Outra mensagem via WhatsApp mostra dois comparsas conversando logo após o roubo de dois carros em Porto Alegre:
Os suspeitos também foram flagrados negociando armas:
Em outra gravação, um dos ladrões revela que vai pedir R$ 400 por um carro que havia roubado:
Mensagens
Além dos áudios, os criminosos também trocavam mensagens com textos, fotos e vídeos. Para Liedtke, todo esse material foi usado como prova.
Segundo ele, quando um dos líderes do grupo foi preso, nesta terça-feira, ele tentou jogar o celular no vaso sanitário e dar a descarga, mas os agentes conseguiram impedir. No aparelho, havia vários contatos de receptadores, que é a próxima etapa da investigação, mas também mídias que já estão sendo analisadas.
Várias destas mensagens mostram os integrantes da quadrilha falando em carros que vão roubar, horários de atuação e até debochando de vítimas que perderam veículos mediante assalto à mão armada.
Também há fotos dos criminosos ostentando armas, dinheiro e bebidas em festas.
Investigação
O delegado Marco Guns, do Deic e que também investiga o grupo, ressalta que, além dos receptadores, a polícia quer localizar os responsáveis por adulteração dos veículos.
O outro líder da quadrilha teve um mandado de prisão cumprido contra ele na Penitenciária Modulada de Osório, no Litoral Norte, já que comandava parte dos crimes de dentro da cadeia.
Os nomes dos envolvidos não foram divulgados porque o trabalho da polícia continua. Os suspeitos vão responder pelos crimes de roubo de veículos, organização criminosa, receptação, clonagem e porte ilegal de arma.
Além dos veículos, foram apreendidas armas, munição, dinheiro, relógios e celulares. A Operação Aurora, deflagrada em cinco cidades na manhã desta terça-feira, contou com 70 agentes que cumpriram 10 mandados de busca e seis de prisão preventiva.
As ações foram em Porto Alegre, Cachoeirinha, Viamão, Alvorada e Osório
— Uma das prioridades do Deic é e será cada vez mais combater o crime organizado e seus desdobramentos na lavagem de capitais. A investigação foi cirúrgica e os próximos passos, depois de averiguar clonadores e receptadores, serão dados em conjunto com a delegacia do departamento especializada em apurar crimes de lavagem de dinheiro — ressalta o diretor do Deic, delegado Sandre Cajal.