O número de reclamações sobre perturbação do sossego aumentou 35% no período de distanciamento social em Porto Alegre comparado ao mesmo período de 2019. Foram 323 casos registrados desde o final de março e 240 no ano passado, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP). Devido a esse problema pontual, a Brigada Militar (BM) teve de criar uma patrulha especial na área de maior incidência de reclamações, a Zona Norte. Neste domingo (17), em um dos bairros da região, de atuação do 20º Batalhão, houve um assassinato após discussão por música alta.
De acordo com a própria corporação, os dados da SSP contabilizaram chamados feitos pelo telefone 190 ou mensagens por grupos de WhatsApp criados pelos comandos na Capital. Os números são equivalentes à perturbação do sossego, quando várias pessoas reclamam de barulho. Ao contrário disso, perturbação da tranquilidade, que diminuiu em 38% na cidade no período de pandemia (de 640 para 399), acontece quando há uma só pessoa incomodada. Mas se os casos de incômodo coletivo aumentaram em um terço em Porto Alegre durante o período de isolamento, na área de atuação do 20º Batalhão passaram de uma média de 15 por dia para 130 durante os finais de semana, por exemplo.
Patrulha do Sossego
Apesar de ter muitos chamados relativos a um único fato, o comando decidiu criar uma ação específica e que passou a ser chamada internamente de Patrulha do Sossego. O comandante do 20º Batalhão, tenente-coronel Fernando Nunes, ressalta que o início das atividades foi no início de abril.
— Eram muitos chamados, em alguns dias chegava a 150, com tempo de espera das pessoas de até quatro ou cinco horas, ficando difícil atender a todos — explica Nunes.
Segundo ele, o único fator novo para esse aumento da perturbação do sossego é a questão de ter mais pessoas em casa e muitas delas mais suscetíveis a abalos psicológicos. A patrulha conta com PMs do setor administrativo, que atuam em dupla. Nos finais de semana, chegam a ser até três patrulhas.
Segundo Nunes, nos bairros Rubem Berta e Mario Quintana, por exemplo, há agrupamentos de jovens em vários carros em vias públicas, causando transtornos devido ao som alto. Nesses casos, são usados, além da Patrulha do Sossego, reforço do pelotão de força tática. Nos últimos finais de semana, para inibir as aglomerações, a corporação tem deixado um veículo nesses pontos antes de os jovens estacionarem seus veículos.
Homicídio
Na madrugada deste domingo (17), no bairro Jardim Itu, na região do 20º Batalhão, Ricardo dos Santos, 37 anos, foi morto com uma facada por um vizinho. Ele foi até uma casa ao lado da sua para reclamar do barulho de uma festa. Houve discussão e ele foi morto por um dos participantes. Nunes diz que não houve ligação para o 190 sobre o barulho, apenas quando já ocorria uma briga na residência.
O delegado Luís Firmino, da 5ª Delegacia de Homicídios, já tem a identificação do suspeito, vai ouvir mais testemunhas do crime na tarde desta segunda-feira (18) e busca imagens de câmeras de segurança. Segundo ele, não há dúvidas de que a morte ocorreu devido a uma discussão por som alto.