A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) publicou na tarde desta sexta-feira (17) uma nota de repúdio contra o assassinato da advogada Maria Elizabeth Rosa Pereira, 65 anos. Ela foi morta com um tiro nas costas, em uma residência no bairro Partenon. O principal suspeito do crime é o companheiro dela, o policial militar da reserva José Pedro da Rocha Tavares, 49 anos. Ele também foi encontrado baleado e está hospitalizado.
Na manifestação, realizada por meio da Comissão da Mulher Advogada (CMA), a entidade afirma que "se solidariza com a família e amigos pelo falecimento da advogada Maria Elizabeth Rosa Pereira e repudia veementemente o assassinato da colega, com um disparo de arma de fogo pelas costas". A entidade afirma que o caso ainda está sendo apurado, mas considera o crime injustificável.
"É inadmissível e injustificável a morte de mulheres em razão de seu gênero. Neste caso específico, uma mulher advogada, reconhecida pelos relevantes serviços prestados à sociedade gaúcha, teve sua vida ceifada. E, ao que tudo indica, estamos diante de mais um feminicídio", afirma a entidade.
Na manifestação, a OAB reforça ainda que o feminicídio — assassinato de mulher em contexto de gênero — atinge vítimas de todas as classes sociais e graus de intelectualidade. Alerta ainda para o fato de que o período de distanciamento social, medida importante para evitar a propagação do coronavírus, pode intensificar a violência doméstica.
"O 'lar' para algumas mulheres nunca foi um lugar seguro. No país em que sete a cada 10 vítimas de feminicídio são mortas dentro de casa, permanecer segura no próprio lar é mais um desafio. Neste momento de isolamento social, o risco de violência doméstica é ainda mais elevado. A vítima convive mais tempo com o agressor", descreve a nota.
A OAB orienta que a mulher registre o caso pela Delegacia Online da Polícia Civil, caso não necessite de medida protetiva. Ou então procure a delegacia mais próxima. A nota cita ainda os principais canais de denúncia, como o Disque 180, Disque 181, 190 (Brigada Miitar) e o WhatsApp da Polícia Civil (51 98444-0606).
A manifestação é assinada pelo presidente da entidade, Ricardo Breier, a presidente da CMA, Claudia Sobreiro de Oliveira, e a coordenadora do Grupo de Trabalho em Defesa das Mulheres, Camila Feoli Leal.
Segundo a delegada Tatiana Bastos, da Delegacia da Mulher de Porto Alegre, mesmo hospitalizado, o companheiro da vítima foi preso em flagrante pelo crime de feminicídio. Atingido por um tiro na cabeça, possivelmente em tentativa de suicídio, ele segue internado, sob custódia da Brigada Militar.