Quatro anos e meio depois, um casal irá a julgamento nesta terça-feira (4) pela morte de um fotógrafo em Canoas, na Região Metropolitana. José Gustavo Bertuol Gargioni, 22 anos, foi torturado e morto a tiros na Praia de Paquetá em julho de 2015.
Paula Caroline Ferreira Rodrigues e Juliano Biron da Silva respondem pelo assassinato do jovem. O crime teria sido motivado por ciúmes.
Segundo a acusação, Biron não aceitava que a companheira mantivesse amizade com outros homens. Entre eles, estava Gargioni, um jovem fotógrafo que marcou encontro com Paula em 27 de julho de 2015.
Por telefone, o rapaz teria sido orientado a seguir até o bairro Igara, em Canoas, onde embarcou em um carro. No veículo, conforme a Promotoria, estavam Paula Caroline e escondido no banco traseiro o companheiro dela Biron. O homem armado teria surpreendido o fotógrafo, que acabou morto.
O jovem teve o corpo encontrado no dia seguinte, com vários disparos de arma de fogo. A investigação apontou que o rapaz foi levado até a praia do Paquetá, onde foi espancado, torturado e morto.
Para o MP, o crime foi praticado por conta do ciúme de Biron sobre a relação dela com o fotógrafo. No entendimento da acusação, o crime foi premeditado e Paula Caroline teria aderido à decisão de matar ao "escolher" ficar com o réu. Além do crime de homicídio qualificado (motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima), os dois respondem ainda pela ocultação do cadáver do jovem.
Presa em janeiro de 2016 pelo crime, Paula Caroline responde ao processo em liberdade desde outubro de 2018. Já Biron chegou a ser transferido para uma penitenciária federal junto de líderes de facções do RS em julho de 2017. Considerado um dos chefes da organização criminosa com berço no Vale do Sinos, ele permaneceu isolado por dois anos. Mas retornou ao Estado no ano passado e atualmente está detido na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc).
Durante a sessão, que tem início às 9h no Fórum de Canoas estão previstas para serem ouvidas seis testemunhas, sendo uma convocada pela acusação e cinco pela defesa do réu. O Ministério Público será representado pela promotora Denise Sassen Girardi de Castro. Atuam na defesa de Biron os advogados Marcelo Falci Rodrigues, Adriano Marcos Santos Pereira e Rodrigo Grecelle Vares. Já a defesa de Paula Caroline será realizada por Rodrigo Schmitt da Silva.
"Não temos palavras para descrever as saudades e a dor que todos nós, família e amigos sentimos há quase cinco anos. Esperamos que a justiça seja feita. É como se eu estivesse enterrando meu amado filho novamente. A dor é inexplicável", disse a mãe de Gustavo, Helena Bertuol Gargioni.
Contrapontos
Juliano Biron
A defesa de Juliano Biron Silva emitiu nota qual afirma que "acredita que o Tribunal do Júri de Canoas ficará imune à pressão midiática que o caso ganhou, e saberá julgar com base nos elementos de prova constantes dos autos e reconhecer a improcedência da acusação". O comunicado é assinado pelos advogados Adriano Marcos Pereira, Marcelo Falci Rodrigues, Rodrigo Grecellé Vares e Ezequiel Vetoretti.
Paula Caroline
Procurado pela reportagem, o advogado Rodrigo Schmitt da Silva disse que a defesa acredita na absolvição da ré:
— Paula ficou presa por esse processo durante muito tempo. Teve sua vida devassada. Foi exposta indevidamente. A verdade virá a tona no julgamento, que vocês terão oportunidade de acompanhar. Espero que esse processo se resolva o mais rápido possível, que ela possa restabelecer a vida dela em sociedade e que pare de uma vez por todas esse martírio que ela vem sofrendo e essa exposição tão triste na vida dela e da família — afirmou.