O barbeiro Paulo Sérgio Ferreira de Santana, 36 anos, foi condenado na noite de quinta-feira (21) a 22 anos de prisão, em regime fechado, por ter assassinado com 13 golpes de faca o mestre de capoeira Romualdo Rosário da Costa, 63 anos, conhecido como Moa do Katendê, em 2018. Cabe recurso da decisão.
O crime ocorreu em outubro, dentro de um bar em Salvador, horas depois do 1º turno das eleições de 2018, após uma discussão relacionada ao pleito eleitoral. Conforme a denúncia apresentada pelo Ministério Público (MP), Paulo e Moa discutiram em voz alta e "agrediram-se mutuamente de forma verbal". Em seguida, Paulo Sérgio saiu do estabelecimento em direção a sua residência, onde buscou uma faca tipo peixeira e retornou ao bar para agredir Moa do Katendê.
Durante o ataque, Germino Pereira, primo do capoeirista, foi atingido por uma "profunda facada" no braço direito, quando tentou defender a vítima, mas sobreviveu. Conforme as investigações à época, a vítima discordou da posição política do agora condenado, que disse ser eleitor do então candidato Jair Bolsonaro. Moa foi esfaqueado, segundo a denúncia, ao revelar que tinha votado no PT.
Paulo confessou o crime espontaneamente. Ele já estava preso preventivamente e vai continuar cumprindo a pena na cadeia. O julgamento começou na manhã de quinta e só foi concluído às 20h, com a leitura da sentença pela juíza Gelzi Maria Almeida Souza Matos. Paulo foi condenado por homicídio duplamente qualificado: por motivo fútil e impossibilidade de defesa da vítima.
O crime gerou grande comoção em Salvador e repercutiu internacionalmente. Artistas brasileiros, como Caetano Veloso e Gilberto Gil, e também internacionais, como Roger Waters, prestaram homenagens. Grupos de capoeira e movimentos ligados à cultura africana também homenagearam Moa com atos em Salvador, Recife e São Paulo.
Considerado um dos maiores mestres de capoeira de Angola da Bahia, Moa começou a praticar o esporte aos oito anos de idade, no terreiro de sua tia, o Ilê Axé Omin Bain.