A ordem para atirar e matar o máximo possível de pessoas dentro de uma boate em Mostardas, na madrugada de 10 de agosto, partiu do sistema prisional. Conforme investigação da Polícia Civil, as motivações seriam disputa por ponto de venda de drogas entre duas fações criminosas rivais e vingança. A investigação identificou seis suspeitos de serem os autores e dois de terem determinado as execuções. Na chacina, cinco pessoas morreram e quatro ficaram feridas.
Três dos suspeitos de invadir o estabelecimento, no bairro Solidão, e disparar contra quem estava no local foram presos temporariamente. Outros três, também com mandado de prisão temporária, estão foragidos. Esses seis são suspeitos de serem os executores do crime. Além deles, dois detentos foram identificados como os mandantes da chacina.
A investigação foi coordenada pelo delegado João Henrique Gomes de Almeida. Um dos criminosos que teria ordenado o crime está recolhido na Penitenciária Modulada de Osório e seria uma das lideranças dentro de facção.
— O que apuramos como motivação é primeiro essa briga de facções, entre facções antagônicas, e também uma vingança decorrente de um homicídio de um irmão do mandante, que está preso. Era para atirar independente de quem estava lá. Tinha mais de 30 pessoas — relatou o delegado Antônio Carlos Ractz Júnior em entrevista coletiva no Palácio da Polícia na tarde desta terça-feira (17).
Conforme os investigadores, dois adolescentes foram investigados por suspeita de terem auxiliado o grupo criminoso na chacina. A polícia chegou a pedir a apreensão de um deles, mas a solicitação foi negada pela Justiça. Um dos menores esteve na boate horas antes do crime. Eles estaria conferindo a situação no local para repassar detalhes aos criminosos.
— Esteve (o adolescente) na noite dos fatos na boate para fazer acompanhamento, saber quem estava lá, para que esse grupo viesse depois e cometesse essa chacina — explica o delegado.
Os próprios criminosos gravaram o momento da execução. Eles chegaram ao local e se identificaram, aos gritos, como sendo da polícia. Na sequência, passaram a disparar contra as vítimas. Um dos presos, de Palmares do Sul, foi identificado a partir deste vídeo. O delegado Ractz Júnior reconheceu a voz do suspeito.
— Eles chegaram lá, gritam dizendo que era a polícia e passaram a efetuar disparo para todo lado, a esmo — relata o delegado.
Durante os cumprimentos de mandados de busca e também de prisão, três homens foram detidos em flagrante. Eles não foram presos por envolvimento na chacina, embora a polícia não descarte o vínculo deles com a facção. A polícia pedirá que as prisões temporárias sejam convertidas em preventivas e a prorrogação do prazo do inquérito.