Três homicídios em um período de quatro meses, em Porto Alegre, tiveram o autor descoberto e preso nesta sexta-feira (23) pela Polícia Civil. De acordo com a investigação, as vítimas foram executadas por um mesmo homem, que atua como motorista de aplicativo. A motivação dos três crimes seria a mesma: a irritação do autor com dívidas que tinha a pagar com os alvos. O suspeito detido é Diego Ferreira do Nascimento, 29 anos. Ele confessou os crimes.
No primeiro crime, as vítimas foram dois colombianos que moravam na Capital. No dia 16 de abril, às 22h, Cristian Muñoz Garcia, 29 anos, e Juan Diego Galvis, 27, marcaram um encontro com Nascimento na Rua Ulisses Guimarães para receber um Celta que negociavam. Eles já haviam pago R$ 6 mil ao vendedor. No local, ele prometeu entregar o veículo aos dois em outro dia. Contrariados, os colombianos viraram-se de costas para irem embora quando foram baleados e mortos.
A 1ª Delegacia de Homicídios começou a investigar o duplo assassinato. Segundo o delegado Guilherme Gerhardt, não havia câmeras de segurança ou testemunhas no local do crime, o que atrapalhou o ritmo da apuração em um primeiro momento. Por meio da quebra de sigilo telefônico das vítimas, a polícia avançou e descobriu o nome do autor. Com isso, solicitou ao Judiciário a interceptação do telefone de Nascimento.
— Conseguimos estabelecer com bastante segurança a autoria. Fizemos provas técnicas e comprovamos a motivação — declara Gerhardt.
Nascimento foi indiciado pelo duplo homicídio no dia 16 de agosto pela Polícia Civil, que também solicitou a prisão dele. Na última quarta-feira (21), a delegacia foi informada de que o pedido foi negado. Após poucas horas, no mesmo dia 21, um novo crime acontecera, com as mesmas características do primeiro.
Conforme o delegado, Nascimento voltou a agir motivado por uma dívida. O assassinato ocorreu na Avenida Rócio, no bairro Partenon, no início da tarde do dia 21. A vítima foi identificada como Marcelo da Silva, 44 anos. Ele tinha R$ 500 a receber do homem e também foi atingido pelas costas.
Nascimento e Silva se conheciam da época em que trabalharam como seguranças de casas noturnas em Porto Alegre. A esposa de Silva presenciou o assassinato. Antes de ir ao encontro que terminara em sua morte, segundo a polícia, Silva pediu para que a companheira revelasse, em caso de ele não voltar, que desconfiava que Nascimento havia matado os colombianos. O fato também foi levado em conta pela investigação.
— É um caso peculiar. No Departamento de Homicídios, 90% dos casos são relacionados ao tráfico. Neste, em específico, ele cometia os crimes para se eximir de pagar suas dívidas — afirmou a diretora do Departamento de Homicídios, Vanessa Pitrez.
Em seu depoimento, que durou cerca de 30 minutos, Nascimento confessou os crimes. Disse que se sentia ameaçado pelas vítimas e, por isso, as matou.
— Não tinha antecedentes policiais, o que causou estranheza. Também chama a atenção que as vítimas conheciam ele. Demonstra uma frieza do autor do crime. Para ele, é uma causa justa — lamenta Gerhardt.
A polícia acredita que no assassino de Silva, Nascimento tenha agido sozinho. Na morte dos dois colombianos, é apurada a participação de outro homem, ainda não identificado.