Mais um corpo foi encontrado no Centro de Recuperação Regional de Altamira, no Pará, na noite desta terça-feira (30), de acordo com o Instituto Médico Legal do Estado. Dessa forma, o número de mortos na rebelião de segunda-feira (30) chegou a 58.
Segundo o órgão, durante nova checagem do número de mortos no presídio, o corpo foi encontrado sob os escombros. A vítima ainda não teve sua identidade confirmada pelo IML.
Guardados de forma improvisada em um caminhão frigorífico sob o inclemente sol amazônico, os corpos que já haviam sido encontrados estão se decompondo em meio à dificuldade para identificar as vítimas.
Até o último corpo ser encontrado, os números do Estado apontavam que eram 16 pessoas esquartejadas e outras 41 carbonizadas.
Por falta de espaço, os cadáveres estão sendo exumados sob uma tenda improvisada e sem refrigeração no pátio do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves, o equivalente paraense do IML, sob gestão estadual.
Durante o dia, nesta terça, o mau cheiro no local chamava a atenção, principalmente quando os peritos abrem a porta do caminhão.
Perto do meio-dia, o odor era tão forte que provocou uma debandada das dezenas de parentes concentrados na porta. Alguns vomitaram. Como paliativo, foram distribuídas máscaras cirúrgicas.
Sete corpos foram reconhecidos nesta terça-feira (30) entre os 57 mortos na rebelião em presídio de Altamira, no Pará, no dia anterior.
— Nunca tinha perdido um filho. É muito difícil, eu não sei nem o que falar, para não dizer que eu não vi ele, eu só vi a cabeça dele dentro de um saco plástico, é muito triste perder um filho numa situação dessas — disse Francisca Moreira de Lima, mãe do Adriano Moreira de lima, um dos 16 internos que foram decapitados.
Sem comer ou dormir, muitas pessoas começaram a passar mal, e precisaram ser atendidas pela equipe da secretaria de estado e saúde, com apoio do Exército, que montou uma tenda em frente ao prédio do IML.
— Pergunta para as vítimas dos que morreram lá — diz Bolsonaro
Ao deixar o Palácio da Alvorada na manhã desta terça-feira (30), o presidente Jair Bolsonaro (PSL) não quis responder sobre o massacre.
— Pergunta para as vítimas dos que morreram lá o que eles acham, depois que elesresponderem eu respondo a vocês — disse ao entrar no carro.
Esta foi a primeira vez que o presidente comentou o caso. Uma rebelião deixou 58 mortos em Altamira (PA) nesta segunda-feira (29).
No meio da manhã, o bispo emérito do Xingu, Dom Erwin Krautler, chegou ao prédio do IML. Um dos símbolos na defesa dos direitos humanos na região do Xingu, Dom Erwin confortou as famílias, e criticou a falta de segurança dentro e fora dos presídios em todo o Estado.
— Nossa região é notícia negativa mais uma vez, essa carnificina não poderia ter acontecido, nós não poderíamos ter permitido que a violência, esse descontrole chegasse a esse ponto, eu estou arrasado, as famílias estão destruídas, nossa cidade, nossa região, isso não poderia ter acontecido, até quando?