O júri do ex-PM Alexandre Camargo Abe, 38 anos, acusado de matar o boxeador Tairone da Silva, em 2011, começou por volta das 9h30min desta terça-feira (2) em Osório. A primeira pessoa a depor foi o delegado aposentado da Polícia Civil Celso Antônio Ferri.
Ferri conduziu o inquérito sobre a morte do boxeador, assassinado aos 17 anos. Em resposta a uma das perguntas da acusação, ele disse que o réu, segundo pessoas ouvidas e apontamentos dos agentes na época, era um brigadiano que "tinha conduta autoritária e violenta".
O delegado ainda relatou o que teria ouvido do próprio acusado, durante a apuração dos fatos: "Naquela vez eu explodi", teria dito Abe ao se referir ao momento em que abordou o jovem e atirou contra ele.
Além de Ferri, há mais duas testemunhas de acusação e outras quatro de defesa para depor. O réu será interrogado durante a tarde.
À defesa, o delegado aposentado respondeu questões sobre o prazo para conclusão do inquérito, sobre o uso da arma por parte do ex-brigadiano e ainda sobre pedido da Justiça para exumação do corpo. Em outras respostas à promotoria, Ferri afirmou que o antigo treinador de Tairone teria confirmado ameaças recebidas pelo jovem por parte do acusado.
O delegado disse ainda disse que foram três tiros contra a vítima: um primeiro à distância – que atingiu o jovem – e mais dois, sendo o terceiro à queima-roupa. O segundo disparo não atingiu Tairone, que já estaria caído no chão.
Investigação
Sobre a motivação do crime, é apurado que o réu estaria sendo provocado por Tairone após várias advertências em relação a condutas inadequadas durante abordagens e, por isso, teria agido em legítima defesa. Por outro lado, pessoas próximas à vítima afirmaram à polícia que o ex-PM tinha uma rixa com o boxeador por motivos pessoais, que estariam ligados ao sucesso do jovem – promessa do esporte que já havia sido campeão brasileiro e sul-americano. O caso é tratado como homicídio qualificado.
Depois do interrogatório do réu, pela tarde, irá ocorrer a fase de debates com acusação e defesa. Deve haver para cada uma das partes réplica e tréplica.
Procurada em dezembro do ano passado, a defesa do réu enviou uma nota na qual afirmou que só se manifestaria "nos autos do processo, preservando a ética e o respeito ao Juízo". Abe ficou cerca de dois anos preso e depois foi expulso da Brigada Militar.