Um homem morreu e duas pessoas ficaram feridas em uma ação do Exército na região da Vila Militar, na Zona Oeste do Rio, na tarde deste domingo (7). A vítima fatal foi identificada como Evaldo dos Santos Rosa, 51 anos. As informações são do G1.
Ele estava com seu sogro, identificado como Sérgio, dentro de um carro branco atingido por mais de 80 disparos feitos pelos militares. Também há um terceiro ferido que estava fora do veículo, mas foi baleado ao tentar ajudar.
Segundo familiares de Evaldo e seu sogro, além de testemunhas, eles foram confundidos com bandidos, e os militares teriam atirado por engano contra a família.
O Comando Militar do Leste (CML), em um primeiro momento, negou essa versão e disse que respondeu a uma "injusta agressão" de "assaltantes". Depois, o comando mudou a versão: determinou que todos os militares e testemunhas sejam ouvidos na Delegacia de Polícia Judiciária Militar.
De acordo com uma amiga da família, que estava dentro do carro e não quis se identificar, os militares não teriam feito nenhuma sinalização antes de abrir fogo contra o veículo.
Ela relatou à TV Globo por telefone que Evaldo dirigia o carro, onde estavam também sua esposa e o filho de 7 anos. Eles estavam indo a um chá de bebê.
— Eu não vi onde foi o tiro, mas eu acho que foi nas costas. só que a gente pensou que ele tinha desmaiado no volante (...) A gente saiu do carro, eu corri com a criança e ela também. A gente saiu do carro, e mesmo assim eles continuaram atirando — disse a amiga.
— Não tinha blitz, não tinha arrastão, não tinha vestígio de nada, tava normal. A gente tá sem entender até agora – completou.
Um vídeo divulgado pelo G1 mostra o desespero da mulher de Evaldo ao lado do carro. Há outro vídeo também no qual é possível ouvir o som de disparos, e um homem sai do carro correndo para tentar se proteger dos tiros.
— Tinha um morador passando aqui na hora, que tava aqui no meio, foi tentar ajudar o padrasto e também foi atingido no peito – acrescentou a amiga, que estava indo junto com a família a um chá de bebê.
Duas versões do Comando Militar do Leste
Em nota divulgada durante a tarde, o CML alegou que, às 14h40min, se deparou com um assalto em andamento nas imediações, em Guadalupe. "Ao avistarem a patrulha, os dois criminosos, que estavam a bordo de um veículo, atiraram contra os militares, que por sua vez responderam à injusta agressão. Como resultado, um dos assaltantes foi a óbito no local e o outro foi ferido, sendo socorrido e evacuado para o hospital", diz o comunicado.
"Informações preliminares dão conta de que o cidadão inocente ferido está fora de perigo. A ocorrência permanece em processamento, tendo todas as providências legais decorrentes sido tomadas", acrescentou a nota da CML.
À noite, foi divulgado outro comunicado, informando que o CML determinou que todos os militares e testemunhas sejam ouvidos na Delegacia de Polícia Judiciária Militar. De acordo com a nota, o Ministério Público Militar irá supervisionar os depoimentos.
O caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios da Polícia Civil do Rio, que realizou perícia no local e ouviu testemunhas, mas o militares já não estavam presentes. Em entrevista à TV Globo, o delegado Leonardo Salgado disse que os indícios são de que a ação foi "precipitada" e que precisa ser "bem apurada".
Músico e segurança
Músico e segurança, Evaldo também era conhecido como Manduca. No Facebook, o grupo Remelexo da Cor, no qual ele já foi integrante tocando cavaquinho, publicou uma homenagem.
Ataque à militares
Na manhã deste domingo, uma guarnição do CML, que estava em patrulhamento na comunidade do Muquiço, onde há uma pequena vila militar, foi alvejada. De acordo com o G1, os militares informaram que o caso não tem nada a ver com o que resultou a morte de Evaldo.