Um policial militar à paisana atirou no carro de um motorista de aplicativo às 5h30min de domingo (10). O fato ocorreu quando o motorista de 30 anos estava indo para sua casa, no bairro Nonoai, e avançou o sinal vermelho entre as avenidas Princesa Isabel e a Bento Gonçalves, na zona leste de Porto Alegre.
Segundo o motorista, ele teria parado no semáforo e, como não viu movimento, avançou. Um pouco à frente, o brigadiano e outro homem atravessavam a rua. O condutor teria reduzido a velocidade enquanto os dois gesticularam indicando que ele havia passado no sinal vermelho.
— Abaixei os vidro e perguntei "o que que foi?", e ele (policial) fez gesto de botar a mão na cintura. Me abaixei no carro e acelerei. Ele deu um tiro — relata o rapaz.
O disparo acertou a lateral do veiculo, um Fluence, perto da sinaleira traseira esquerda. Ainda segundo o condutor, metros à frente ele teria avistado uma viatura da Polícia do Exército e comunicado o disparo. A viatura imediatamente localizou a dupla e acionou a Brigada Militar.
O caso foi registrado na 2ª Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA), no Palácio da Polícia, com a presença do motorista e do homem que fez o disparo.
Após os depoimentos, o policial à paisana acabou sendo solto. Segundo o coordenador das delegacias de pronto atendimento de Porto Alegre, delegado Rodrigo Reis, não havia elementos para a prisão em flagrante: o PM se apresentou à polícia de forma espontânea e disse ter agido em legítima defesa.
— Alegou na DPPA que efetuou disparo porque o motorista efetuou movimento brusco, agindo em legítima defesa, mesmo que ele não tenha sido atingido — observa Reis.
A polícia agora vai apurar se o PM tinha intenção apenas de atingir o carro ou se estava motivado também a atingir o motorista. O caso será investigado pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) para apurar se houve uma tentativa de homicídio.
O carro alvejado foi recolhido para perícia.
PM não será afastado
Segundo o chefe da comunicação social da corporação, tenente-coronel Cilon Freitas da Silva, um Inquérito Policial Militar (IPM) foi instaurado para apurar a conduta do policial. Além disso, a arma do PM — uma pistola .40 — foi apreendida
Ainda conforme o tenente-coronel, o policial trabalha na central de obras do Departamento de Logística da Brigada Militar e, por enquanto, não será afastado da corporação. Questionado sobre o que motivou o disparo, o oficial disse desconhecer:
— O que motivou não ficou muito claro.
O inquérito tem 40 dias para concluído, mas pode ser prorrogado por mais de 20 dias.