A Polícia Civil investiga um golpe no qual estelionatários se passam por funcionários de bancos. Fingindo trabalhar para instituição financeira, enganam as vítimas e as convencem a dar cartão e senha. Os casos começaram a vir à tona em fevereiro deste ano. Até agora, pelo menos quatro vítimas procuraram a 10ª Delegacia de Polícia, na região central da Capital.
O prejuízo ultrapassa os R$ 25 mil. Uma das pessoas lesadas, uma mulher de 75 anos, entregou dois cartões e acabou perdendo R$ 12,2 mil. Outra idosa, de 78 anos, perdeu R$ 15,4 mil.
Inicialmente, uma mulher entra em contato por telefone e se passa por funcionária do setor de segurança do banco. Na ligação, informa que o cliente teve o cartão clonado e, com isso, foi feita uma compra em uma loja de departamento. Para poder fazer o bloqueio, são solicitadas informações pessoais, como nome e número do cartão, além da senha (veja abaixo).
GaúchaZH conversou com uma idosa de 78 anos, também vítima dos golpistas. Ela conta que não desconfiou da falsa atendente.
— Tudo levava a crer que era gente do banco. As frases, os termos que usam, a maneira que perguntam, como mandam esperar. E eu fui respondendo, porque era perfeito. Finalmente, ela pediu para digitar a senha do cartão porque ela precisava conferir os dados e eu, inocentemente, caí e digitei a senha do cartão — conta.
Em seguida, a suposta atendente informou à vítima que o cartão foi bloqueado, mas que a idosa precisava dar o objeto cortado ao meio para um entregador que iria até a residência.
— Quando pediram para mandar o cartão para eles, que tinham um funcionário para buscar, eu disse: "isso não é normal, não é comum". Daí me explicaram que era uma coisa nova, que precisavam do cartão para ser periciado e ver onde foi clonado. Aí, tinha que cortar o cartão no meio, dividir em duas partes — relembra.
Junto ao cartão, segundo a suposta atendente disse à vítima, era preciso entregar uma declaração, escrita a próprio punho, informando que não tinha autorizado a compra. Imagens de câmeras registraram o momento em que o homem chegou à portaria do prédio da idosa e pegou o envelope, saindo calmamente. Ela só percebeu que caiu em um golpe após meia-hora, ao relatar o ocorrido para outra gerente de banco, onde faria uma transação.
— Falei para a gerente que clonaram meu cartão usando senha. E ela: "usando senha? Não pode! É golpe" — conta a mulher, que observa que outras duas pessoas foram lesadas no mesmo dia.
Os cartões foram bloqueados a tempo, sem que fosse feito nenhum saque. Conforme a vítima, meia-hora depois de ela deixar o banco, os criminosos tentaram fazer compras. Primeiro, uma de R$ 16. Depois uma de mais de R$ 2 mil. As duas acabaram não sendo autorizadas.
A polícia não descarta que sejam os mesmos criminosos atuando nos quatro casos. O setor de investigação da 10ª DP está reunindo ocorrências para encontrar semelhanças no modo de agir do grupo. A polícia acredita que o número de vítimas seja maior.