Correção: 84% dos casos de feminicídios são cometidos por companheiros em Porto Alegre e Região Metropolitana, e não 90% como informado das 12h23min às 20h48min desta sexta-feira (8). O texto já foi corrigido.
Nas primeiras horas da manhã, do primeiro dia do ano de 2015, Jenifer Maria Machado Cardoso, 29 anos, foi morta estrangulada pelo marido no bairro Restinga, Zona Sul de Porto Alegre. Assim como Jenifer, outras 51 mulheres foram mortas nos últimos três anos por menosprezo à sua própria condição, — definição de feminicídio, — pelo seu companheiro.
Segundo a planilha de assassinatos da editoria de segurança da RBS, ao menos 62 mulheres morreram por feminicídio entre 2015 e 2018 na Capital e Região Metropolitana. Destas, 84% foram vitimadas por alguém com quem dividiam ou chegaram a dividir a vida, como a grávida Clenir Viana, 21 anos, morta em em abril de 2015, em Novo Hamburgo.
A mulher foi atingida diversas vezes por uma faquinha de serra pelo ajudante de cargas Joézer da Rosa Vieira, 25 anos, seu marido. Vieira fugiu para Carlos Barbosa, onde acabou se entregando. Julgado um ano depois, em 2016, afirmou que consumiu drogas e disse ter se arrependido.
Caso semelhante ocorreu em 2017. Grávida, Mariana Freitas foi morta com um tiro na cabeça na frente de casa, em Alvorada, após ser atingida pelo ex-companheiro. Ela estava prestes a ganhar o bebê, que acabou sendo salvo no hospital.
– A Mariana estava realizada, era uma grávida linda, falava o tempo todo do bebê – contou uma das amigas, à época.
A violência extrema não é uma característica incomum nos crimes de feminicídio. Dos casos levantados por GaúchaZH, a maioria registrou episódios de estrangulamento, espancamento e facada.
Em 2016, Cristiane Chagas Burghausen, 32 anos, foi queimada dentro de casa, no bairro Cohab C, em Gravataí, em um incêndio criminoso de autoria de quatro pessoas, entre elas, o ex-companheiro. Segundo testemunhas, ela vinha recebendo ameaças.
Suicídios
Ainda segundo levantamento de GaúchaZH, pelo menos 15 casos terminaram com suicídio do agressor — 28% do total. Sargento da Brigada Militar (BM), Julio Cesar do Carmo Ramos foi um deles. Ele se suicidou após tirar a vida da ex-companheira, Queli Tomchak da Silva Ramos, 33 anos, em 2017, no bairro Rubem Berta, em Porto Alegre. O PM disparou ao menos seis vezes conta Queli, que morreu no local. Em seguida, ele atirou contra a própria cabeça.
Rio Grande do Sul
No país, o Rio Grande do Sul é o terceiro Estado com mais feminicídios, segundo o 12º Anuário da Violência, de 2018, que aborda os números de 2017— só Minas Gerais e São Paulo têm mais casos. Em números absolutos, o RS apresentou redução de 14%, com 83 registros. Em 2016, foram 96 feminicídios.