Um incêndio no início da manhã desta sexta-feira (1º) deixou a cadeia com maior número de presos do Rio Grande do Sul sem água e sem luz. As chamas atingiram um corredor no segundo andar da administração do Presídio Central, que leva ao refeitório. O incidente foi controlado e não chegou a atingir as galerias, onde ficam os presos. Segundo a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), no fim da tarde desta sexta-feira, mais da metade do fornecimento foi restabelecido.
Uma equipe de engenharia da Susepe esteve na casa prisional, que conta com 4.150 presos. Conforme a juíza da Vara de Execuções Criminais (Vec) de Porto Alegre Sonáli da Cruz Zluhan, o incidente aconteceu às 7h30min. Portanto, a casa prisional teria ficado cerca de 10 horas sem luz. Já a Susepe informou que o curto circuito teria acontecido às 9h45min. A fiação atingida leva energia para os pavilhões. Sem energia elétrica, não é possível ligar as bombas de água que abastecem a cadeia.
— A fiação está comprometida há muito tempo. O número de presos é muito superior a capacidade de engenharia. É um presídio de 1959. Estamos em 2019. Nunca foi revista a parte estrutural do prédio. Foram fazendo puxadinhos e a fiação está apodrecendo — criticou a magistrada.
Sonáli diz que desde maio do ano passado a Justiça vem cobrando da Susepe que seja feita a reposição da fiação elétrica, para evitar um episódio como o ocorrido nesta sexta-feira. O incêndio aconteceu próximo da área onde ficam os arquivos da casa prisional. Foram usados extintores para conter as chamas.
— Foi um incêndio grave. Por pura sorte, não atingiu os arquivos. Se tivesse incendiado ali, teria pego fogo na cadeia inteira. São 400 presos numa galeria, eles vão puxando fios e colocando tomadas para ligar ventiladores, num calor insuportável. Deu no que deu. Seria uma tragédia não só para os presos, mas também para as pessoas que trabalham lá dentro — afirmou a juíza.
O superintendente da Susepe, Mario Santa Maria Junior, que está no Presídio Central acompanhando a situação, disse que no momento a equipe trabalha para restabelecer a energia. Ele afirmou que na quinta-feira (31) esteve na cadeia e encaminhou algumas solicitações, que incluem melhorias na fiação.
— Sobrecarregou a rede elétrica e queimaram fios na área administrativa. Os bombeiros estiveram aqui para fazer a prevenção e sugeriram que se fizesse a interrupção da energia, para troca da fiação. Estamos aqui com uma força-tarefa para, o mais rápido possível, resolver esse problema. Depois queremos trabalhar de forma preventiva — disse.
A direção do Central, sob responsabilidade da Brigada Militar, informou que a situação está sob controle. Afirmou ainda que o episódio não causou risco a nenhum servidor e nem aos presos.