O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), afirmou em pronunciamento neste sábado (5) que vai endurecer cada vez mais as medidas contra o crime, após a onda de atentados que vêm ocorrendo em cidades cearenses desde a última quarta-feira (2). Em quatro dias, prédios públicos, bancos e delegacias foram atacados. Há também registros de incêndios em veículos e da explosão de uma bomba em um viaduto no município de Caucaia, na grande Fortaleza, onde duas pessoas ficaram feridas.
— Todas as forças de segurança do Ceará – Polícia Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros, agentes penitenciários e Pefoce (Perícia Forense do Estado Ceará) – estão em regime permanente de plantão para coibir essas ações, prender os bandidos e proteger a nossa população — declarou Santana.
De acordo com o governador cearense, o esquema reforçado de segurança continuará no Estado pelo tempo que for necessário para garantir a ordem e "colocar atrás das grades todos aqueles que atentarem contra a sociedade". Além disso, Santana afirmou que o objetivo dos atos criminosos é fazer com que o Ceará recue de medidas fortes na segurança pública e asseverou que "não há nenhuma possibilidade" disso acontecer:
— Tenho absoluta confiança nos mais de 29 mil profissionais cearenses que formam as forças de segurança do nosso Estado, que têm se doado noite e dia para combater o crime, especialmente neste momento em que o Estado do Ceará toma medidas duras e necessárias de combate ao crime organizado, fora e dentro de unidades prisionais — disse.
O número de atentados nas cidades cearenses chegou a 87, em 25 cidades, desde o início da onda de violência até este sábado, de acordo com o portal G1. Ao todo, 86 pessoas foram presas, conforme a Secretaria da Segurança Pública do Ceará. Agentes da Força Nacional foram enviados ao Estado para reforçar a segurança.
— O momento é, mais do que nunca, de união de todas as forças. Governos, Poder Legislativo, Justiça, Ministério Público, OAB e de toda a sociedade civil — pediu o governador.
Santana também pediu cooperação das forças de segurança estaduais e federais e prometeu que estará ao lado da população cearense:
— Serei duro contra o crime — completou ao fim do pronunciamento.
A onda de violência
Na madrugada deste sábado, um caminhão com dois mil frangos vivos foi incendiado por um grupo de criminosos na cidade de Caucaia, grande Fortaleza. Os criminosos ordenaram que o motorista e um ajudante deixassem o veículo e incendiaram o caminhão com toda a carga.
Após o incêndio de veículos de transporte público, a circulação dos ônibus em Fortaleza foi interrompida. A frota só voltou a rodar na tarde deste sábado, mas com número reduzido, escolta policial ou policiais militares embarcados, conforme o Sindicato das Empresa de Ônibus.
Segundo o presidente do Conselho Penitenciário do Estado do Ceará, Cláudio Justa, os ataques criminosos são represália à fala do secretário de Administração Penitenciária (SAP), Luís Mauro Albuquerque, que prometeu maior rigor na fiscalização dos presídios. Ainda de acordo com o G1, o secretário disse que "o Estado não deve reconhecer facção" em presídios.
Diante do aumento no número de ataques, a hashtag #CearáPedeSocorro atingiu a primeira colocação dos Trending Topics do Twitter por volta das 9h desta sexta. Usuários da rede social pedem atenção do presidente Jair Bolsonaro à situação no Ceará, fazem críticas ao governador Camilo Santana e relatam "caos" nas ruas.
Na sexta (4), o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, autorizou o envio de 300 homens da Força Nacional ao Ceará para ajudar a conter a onda de violência no Estado. A decisão ocorre um dia depois de o ministro ter negado o pedido de envio imediato da tropa, feito pelo governador Camilo Santana.
Além do reforço no efetivo de agentes de segurança, o governo federal também enviou 30 viaturas ao Estado. A Força Nacional atuará por 30 dias em ações de segurança e apoio à Polícia Federal à Polícia Rodoviária Federal, ao Departamento Penitenciário Nacional (Depen) e às forças policiais estaduais. Caso necessário, o prazo de atuação poderá ser prorrogado.