Após afastar a direção do Presídio Regional de Passo Fundo, na Região Norte, a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) afirmou nesta sexta-feira (18) que a força-tarefa enviada para a casa prisional permanecerá por tempo indeterminado. Um diretor e mais 10 agentes integram uma equipe de intervenção. No último sábado (12), 17 presos escaparam pelo portão da frente.
O novo diretor do presídio é Marco Antônio Couto, que atuava no Complexo de Charqueadas. Na quinta-feira (17), a assessoria do órgão informou que o então diretor, Renato Garlet, além do subdiretor e do chefe de segurança do presídio, foram transferidos para outras prisões, onde não devem assumir cargos de direção.
— Estamos averiguando as possíveis falhas, possíveis corrupções, que podem ter acontecido na casa prisional. Também estamos verificando se existe ligação entre a fuga e essas possíveis corrupções — afirmou o novo superintendente Mario Santa Maria Junior, em entrevista coletiva concedida nesta sexta-feira (18).
Os três servidores transferidos não estão afastados dos seus cargos públicos, mas deverão trabalhar em outras regiões até a conclusão do inquérito policial e da sindicância administrativa aberta pela Susepe. O afastamento será um procedimento normal para casos de fuga adotados pela nove gestão, conforme o superintendente.
— Se houve alguma irregularidade ou possível corrupção, sugerirei o afastamento das funções até que se conclua as questões legais. Vou ter sempre a cautela de não culpar antes de ser uma resposta de uma sindicância administrativa e de um inquérito que os culpe ou não. Na minha gestão será assim — afirmou.
Além dos 11 agentes, participam dessa ação 20 integrantes do Grupo de Ações Especiais da Susepe (GAES), usado em intervenções e revistas em presídios. O Presídio Regional de Passo Fundo conta ainda com outros 25 agentes, que permanecem em suas funções. Na madrugada em que ocorreu a fuga havia nove agentes no presídio, além de dois policiais militares.
Até a próxima segunda-feira (21), o diretor interventor deve apresentar um relatório detalhado para a superintendência sobre a situação da prisão. Até o momento, segundo Santa Maria, não há previsão de transferência de presos.
— Dentro deste relatório vamos ver a questão do número de servidores e até possíveis defeitos estruturais, que precisarão receber melhorias.
No fim do ano passado, chegaram até a Corregedoria da Susepe denúncias de supostas cobranças de propina dentro do Presídio Regional de Passo Fundo. Em áudios, presos detalham tabela de pagamentos para facilitar trâmites, como troca de acomodações.
— Temos que observar a fidedignidade dos áudios. A Corregedoria já está fazendo isso. Assim como também precisamos saber se houve de fato ligação entre a fuga e os supostos episódios de corrupção lá dentro.
A fuga
Na madrugada do sábado (12), os presos teriam feito uma abertura no forro da prisão, de onde tiveram acesso ao telhado. Ali teriam aguardado pelo momento de escapar. Com uma picape S10, alguém do lado de fora da unidade derrubou o portão do presídio. Em poucos segundos, os apenados fugiram correndo.
Juntos, os foragidos somam 467 anos de pena a cumprir. A maior parte dos presos possui antecedentes por crimes como assaltos e homicídios. Somente um deles, Cléderson dos Santos Ramos, foi preso até o momento pela Brigada Militar. Ele foi recapturado três dias após a fuga e encaminhado para o mesmo presídio. Segundo o superintendente, ele deve ser transferido para outro presídio.