A Polícia Civil começou a investigar o caso dos quatro jovens que morreram em confronto com a Brigada Militar no final da noite de terça-feira (4), em Arroio dos Ratos, na Região Carbonífera. Até o momento, embora a policiais militares tivessem informações de que um banco poderia ser atacado naquela noite, ainda não está claro qual seria o alvo do grupo interceptado.
Cinco suspeitos, com idades entre 15 e 19 anos, estavam dentro de um Siena roubado em frente a uma agência da Caixa Econômica Federal do município. Policiais do Batalhão de Operações Especiais (BOE) de Porto Alegre, que estavam na região para a Operação Diamante, abordaram o veículo. Os jovens reagiram, dando início a uma perseguição com troca de tiros que terminou na BR-290. Policiais do BOE estavam na cidade após receberem a informação de que um banco poderia ser atacado naquela noite.
Em um primeiro momento, o delegado Pedro Urdangarin, responsável pelo caso, afirmou que ainda não encontrou indícios que confirmam que o grupo iria efetuar um assalto a uma agência bancária de Arroio dos Ratos. No entanto, a hipótese não está descartada.
— Eu acredito que a agência bancária não seria o alvo. Houve uma explosão do Banco do Brasil há 15 dias em Butiá, e sabíamos que alguma coisa iria acontecer de ontem (4) para hoje (5). Nós achávamos que seria um posto de gasolina, uma lotérica, que é realmente o que eles estariam em condições, hoje, de praticar esse tipo de roubo, de crime. O banco já é uma ação mais qualificada, mais organizada, e esses aí eu sinceramente não posso dizer que não, nem que sim. Mas é mais não do que sim — disse o delegado.
Ouça a íntegra da entrevista com o delegado Pedro Urdangarin:
O subcomandante-geral da Brigada Militar, Eduardo Biacchi, também ressalta que o grupo não tem perfil de roubo de banco.
— Eles estavam no local de possível ataque a banco, em horário de ataque a banco, numa formação de ataque a banco, reagiram à abordagem da BM. Porém, não têm perfil de roubo a banco. Não tem como dizer que fariam um ataque. Talvez estivessem fazendo uma passagem para reconhecimento — afirmou Biacchi ao Gaúcha Atualidade.
Ouça a íntegra da entrevista com o subcomandante-geral da BM, Eduardo Biacchi:
O delegado também ressalta que os envolvidos eram conhecidos por cometer crimes em municípios da região, como assaltos a estabelecimentos e tráfico de drogas, mas, com eles, não foram localizados suprimentos ou outros materiais geralmente utilizados por quadrilhas que assaltam agências bancárias.
Dos quatro suspeitos mortos pela Brigada Militar, três possuíam passagens pela polícia.
— Estão se formando aqui na Região Carbonífera diversas quadrilhas de indivíduos, com pouca idade, entre 17 e 18 anos, que estão causando um tumulto muito grande na região, com assaltos a residências, estabelecimentos, restaurantes, outros tipos de roubos e tráfico e posse de entorpecentes. É uma nova geração que está surgindo, e bem mais violenta que há um tempo — explicou o delegado Urdangarin.
O jovem de 18 anos, identificado como João Pedro Soares Souza, tem passagens por posse de entorpecentes. Os adolescentes, de 15 e 16 anos, têm registros por tráfico de drogas. Já Cauê Vieira, de 19 anos, é o único dos quatro mortos que não possui passagens pela polícia.
Na ação, cinco armas foram localizadas dentro do veículo. Um adolescente de 17 anos, que também estava no carro, ficou ferido e foi apreendido. Ele possui passagens na polícia por ato infracional equivalente a roubo, furto, tentativa de homicídio e posse de entorpecente.
O jovem será encaminhado para a Fundação de Atendimento Sócio-Educativo (Fase) e enquadrado nos crimes de tentativa de homicídio, dano qualificado, porte ilegal de arma e formação de quadrilha.
Na frente da agência bancária, além do Siena, onde estavam os cinco jovens, outro veículo de cor escura, não identificado, fugiu da abordagem dos policiais do BOE e, até o momento, não foi localizado.