Um homem que vive em uma pequena propriedade rural a cerca de cinco quilômetros de uma das agências bancárias atacadas em Ibiraiaras, no norte do Estado, teve sua rotina alterada de forma drástica na última segunda-feira (3). Ele estava em uma agência do Banrisul para fazer um depósito quando viu a entrada dos criminosos.
— Foi muito rápido, de surpresa. Dois ou três entraram.
Ele relata momentos de tensão e diz que teve medo de morrer. O homem, que não será identificado por motivos de segurança, diz estar com medo de voltar ao centro da cidade.
— Agora está muito difícil. Estou sentido.
De acordo com a vítima, os criminosos eram bastante agressivos e ameaçavam a todo o momento funcionários e clientes que estavam dentro da agência.
— Eles mandaram nós deitar, ficar de mãos para trás. Pegaram os celulares e quebraram tudo. Ele estava bem fora do controle, esse cara que estava dentro do Banrisul.
A vítima diz que a escolha dos reféns não teve um critério definido pelos criminosos, que eles decidiram por quem estava mais próximo. O agricultor conta que chegou a pensar em fugir dos bandidos durante a perseguição.
— Foram dois no porta-malas e um no banco de trás. Eu fui no porta-malas. Pensei em pular do porta-malas.
Conforme a vítima, os criminosos trafegavam em alta velocidade e atiravam contra os policiais, que vinham logo atrás e revidavam.
— Eu fiquei com medo de levar um tiro da polícia, porque eles estavam disparando na nossa direção.
O agricultor lembra que a quadrilha só abandonou os veículos após eles atolarem na entrada de uma propriedade rural, ponto onde houve o momento de tiroteio mais intenso.
— Quando eu abri a porteira, eles se esqueceram de mim. Eles meio que me abandonaram. Aí eu saí correndo. Até diminuí a velocidade, fui mais devagar e fugi.
Segundo o agricultor, durante a fuga, os policiais o confundiram com os assaltantes por duas vezes e quase dispararam.
— Nenhum policial me acolheu e me deu carona. Eu saí correndo e peguei uma carona na estrada para casa.
O agricultor diz que não estava no mesmo veículo que Rodrigo Mocelin da Silva — subgerente do Banco do Brasil de 37 anos que acabou morrendo na ação criminosa —, mas que viu a vítima após os disparos
A vítima não lembra quantos bandidos participaram dos assaltos. Sobre os reféns, acredita que eram três em cada carro. A quadrilha usou dois veículos para fugir.