A defesa do médium João Teixeira de Faria, o João de Deus, 76 anos, preso há quatro dias, recorrerá nesta quarta-feira (19) no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para tentar reverter a prisão preventiva em prisão domiciliar com tornozeleira. O recurso ocorre após a Justiça de Goiás negar o habeas corpus impetrado pelos advogados.
"Apenas a liminar foi apreciada e negada. O julgamento final do hábeas deverá se dar após o recesso. Discordamos da decisão e vamos recorrer ao STJ", afirmou o advogado Alberto Toron, em nota à imprensa.
Segundo o advogado, é preciso levar em conta a idade avançada e o estado de saúde do médium. Também deve ser considerado, de acordo com a defesa, o fato de o líder religioso ter se apresentado espontaneamente à polícia e prestado esclarecimentos.
Pelo terceiro dia consecutivo, João de Deus passou a noite em uma cela de 16 metros quadrados com pia e vaso sanitário, no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia.
Denúncias
O pedido de prisão preventiva foi decretado com base em 15 denúncias já formalizadas em Goiânia, todas por crimes sexuais. Desde a semana passada, a força-tarefa do Ministério Público (MP) de Goiás recebeu mais de 500 relatos de crimes sexuais atribuídos ao médium.
Para o promotor Luciano Miranda, que integra a força-tarefa que investiga as acusações, o médium é suspeito da prática de pelo menos três crimes: estupro de vulnerável, estupro e violação sexual.
Na terça-feira (18), policiais federais, que fazem parte do grupo de força-tarefa, cumpriram mandados de busca e apreensão na Casa Dom Inácio Loyola, onde João de Deus fazia os atendimentos espiritualistas. Eles revistaram as partes internas, administrativa e os locais de oração.
Os policiais deixaram o centro espiritualista com documentos. Eles também foram a uma residência, apontada como propriedade do médium, onde recolheram armas e dinheiro, segundo informações preliminares.