Desavenças relacionadas ao tráfico de drogas na região do conjunto habitacional do Jardim Leopoldina, na zona norte de Porto Alegre, teriam motivado a execução a tiros de fuzil e pistola de um casal e da filha deles, de apenas um ano, na noite de domingo (23) em outro ponto da região, no bairro Rubem Berta. Segundo a 3ª Delegacia de Homicídios da Polícia Civil, Douglas Araújo da Silva, 29 anos, seria o alvo principal do ataque, que também causou a morte da companheira e da filha.
Silva, que usava documentos do irmão, havia sido condenado a 10 anos de prisão por tráfico de drogas. Pelo menos cinco anos da pena foram cumpridos em um presídio de Arroio dos Ratos, até que recebeu o benefício de progressão ao regime semiaberto em 22 de agosto de 2017.
Em 15 de março deste ano, passou a cumprir pena alternativa com tornozeleira eletrônica, mas rompeu o equipamento e se tornou foragido, em 18 de agosto. Para a polícia, Silva não teria deixado a atividade criminosa.
O delegado Cassiano Cabral afirma que equipes passaram a madrugada desta segunda-feira (24) trabalhando no caso e que houve avanços, mas o sigilo é mantido para não prejudicar a investigação. Cabral adiantou que acredita que os assassinos sabiam detalhes da rotina das vítimas no dia da execução. A família havia acabado de sair da festa de um ano da menina quando os criminosos agiram.
— Acreditamos que os executores sabiam que ele estava no local, já que ele foi perseguido — resume Cabral.
Para a polícia, a morte de Sabrine Panes Rodrigues, 24 anos, que, segundo familiares, estaria grávida de quatro meses, e da filha dela, Alice Beatriz Rodrigues, de um ano, só ocorreu porque elas estavam com Silva no momento do crime. A menina foi atingida por pelo menos um tiro.
Conforme a Polícia Civil, o Ka da família era perseguido por dois veículos: um Ka preto e uma EcoSport cinza. Segundo o delegado, os criminosos dos dois carros atiraram contra a família. Após o ataque, o Ka de Silva colidiu na Rua Cacilda Yaconis Becker.
No local, foram encontradas diversas cápsulas de calibres 556, de fuzil, e de pistola 9 milímetros. A EcoSport usada pelos criminosos foi encontrada horas depois, incendiada no Travessa 10 de Maio, no bairro Passo das Pedras, na Zona Norte —o Ka preto não foi localizado. A perícia analisou o veículo, mesmo que o fogo e a chuva que cai sobre Porto Alegre tenham atrapalhado o recolhimento de indícios.
Relação com outro crime na região é pouco provável
Para o delegado Cassiano Cabral, é baixa a probabilidade de o assassinato de um outro casal na região norte, no bairro Sarandi, também na noite de domingo, estar relacionado com o caso do bairro Rubem Berta. Segundo o policial, as circunstâncias são diferentes e os crimes quase simultâneos.
As vítimas deste segundo caso, ocorrido na Avenida Nossa Senhora Aparecida, ainda não foram identificadas.
Segundo o tenente-coronel Fernando Gralha Nunes, comandante do 20º BPM, o policiamento foi reforçado na região após os crimes:
— A primeira checagem que fizemos quando ocorre homicídio é se ver se tem relação ou não com briga de facções, uma vez que podem existir represálias. Estamos reforçando o policiamento na região de onde teria partido o ataque quanto da vítima.