Pelo menos 17 municípios da Serra registraram homicídios no primeiro semestre deste ano. O levantamento feito nas 64 cidades de cobertura do Pioneiro apontou ainda que 116 pessoas foram assassinadas no primeiro semestre de 2018.
O número de vítimas aumentou 20% em comparação com o mesmo período do ano passado, com 97 mortes. O Rio Grande do Sul, por sua vez, teve queda de 25,7% nos homicídios (1.470 em 2017 contra 1.092) e 35,6% nos latrocínios (73 contra 47).
Os dados foram divulgados na terça-feira pelo secretário estadual da Segurança Pública, Cezar Schirmer, que exaltou a redução dos crimes contra a vida no Estado. A análise sobre a região, porém, mostra que a Serra enfrenta justamente o contrário. Sem contabilizar Caxias do Sul, o aumento no número de mortes salta para 52%.
A explicação seria o desejo de facções em dominar o tráfico em cidades menores, como Gramado, por exemplo, que registrou cinco homicídios contra apenas um no ano passado.
– O aumento foi realmente absurdo. Nossa média é de um ou dois homicídios por ano. Foram cinco nos primeiros cinco meses, o que realmente preocupou. São facções tentando se instalar e, assim, vemos uma violência semelhante ao que vemos em grandes centros – aponta o delegado Gustavo Barcelos.
Vacaria é exceção
Conforme a Polícia Civil de Gramado, o semestre teve três execuções ligadas ao tráfico e dois homicídios passionais: uma mulher que esfaqueou o marido e um homem que matou o namorado da ex-companheira. Apenas um caso segue em investigação.
– Enquanto as mortes passionais são fatos isolados, os ligados aos tráfico preocupam por mostrar uma tendência. Conseguimos esclarecer duas das execuções e temos oito suspeitos presos. Além disso, foram realizadas diversas ações contra o tráfico, com muitas apreensões. Tanto que, depois de maio, não tivemos mais mortes – complementa Barcelos.
O avanço do tráfico também é a explicação nos outros municípios que tiveram aumentos consideráveis, como Bento Gonçalves (de 10 para 22) e Veranópolis (de zero para três). A exceção é Vacaria, que não tem uma presença tão ostensiva de traficantes e registrou aumento de um para nove homicídios. Para a Polícia Civil, porém, a análise precisa levar em conta os números positivos registrados nos últimos anos.
– Historicamente, a média anual é de quase 10. Nos últimos anos, porém, estávamos com poucos casos. Só que Vacaria é diferente de regiões metropolitanas. Aqui, geralmente, são mortes passionais ou em brigas, seja de bar ou entre vizinhos. Por isso, varia muito. Podemos ficar cinco meses sem morte e depois ter oito homicídios em sequência. É sazonal – comenta o delegado Anderson Silveira de Lima.
Este tipo de homicídio também facilita a elucidação dos crimes. Conforme o delegado Lima, o índice de esclarecimento desde 2012 é de quase 100%.
– Por ser mais fácil, há apenas um ou dois casos em aberto. Este ano, apenas o último não está esclarecido, que é o de um corpo encontrado próximo a um CTG. A vítima não é daqui, veio de Santa Catarina, e tem envolvimento com drogas – aponta Lima.
OS NÚMEROS
Homicídios e latrocínios registrados nas 64 cidades de abrangência do Pioneiro, segundo levantamento da Secretaria Estadual da Segurança Pública. Os dados são referentes ao período de 1º de janeiro e 30 de junho.
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