Conhecida pela discrição, a loja maçônica Grande Oriente do Rio Grande do Sul, com sede em Porto Alegre, vive um ambiente de tensão interna há mais de seis meses em razão de denúncia de desvio de verbas investigado em inquérito na Polícia Civil.
Uma assembleia realizada em dezembro de 2017 decidiu pela destituição dos ocupantes dos dois cargos máximos da instituição, o grão-mestre Tadeu Pedro Drago e o grão-mestre adjunto Osleno Wanderley dos Santos Heberlê. Em janeiro, os dois obtiveram uma liminar na Justiça que suspendeu os efeitos da assembleia. Não era o fim das tensões. Uma nova reunião ocorre neste sábado (26) para decidir sobre a permanência de Drago e do grão-mestre adjunto.
Das 248 lojas maçônicas associadas à Grande Oriente, 132 ( 53%) aceitaram convocar a reunião. Pelas regras da instituição, 20% de adesão já bastaria para chamar o encontro. A entidade tem mais de 10 mil associados no Rio Grande do Sul e está prestes a completar 125 anos. É considerada uma das mais poderosas do Estado. A cada ano, arrecada R$ 4 milhões com mensalidade de associados, aluguéis e outras receitas.
Caso é investigado na Polícia Civil
O suposto desvio de recursos teria ocorrido entre 2016 e 2017, durante mandato de Drago, por meio de saques irregulares na boca do caixa. Em março, o caso foi levado à Promotoria de Justiça Especializada Criminal de Porto Alegre, no Ministério Público. O promotor Gerson Daiello encaminhou a investigação para Polícia Civil. Em 10 de abril, o titular da 1ª Delegacia da Polícia Civil, Paulo César Jardim, instaurou inquérito. À época, procurado pela reportagem, o policial salientou que o material ainda estava sob análise e, por isso, não iria se manifestar.
— Está no meio de 6 mil inquéritos — disse.
Em novo contato nesta quarta-feira (23), Jardim afirmou que “várias” pessoas foram ouvidas, mas novamente não detalhou as apurações:
— É uma investigação sigilosa.
GaúchaZH apurou que ao menos três pessoas já foram ouvidas na Polícia Civil: o grão-mestre, o tesoureiro e um dos denunciantes.
Contrapontos
O que diz Tadeu Drago
O grão-mestre negou ter cometido irregularidades:
— Nunca foi usado dinheiro da nossa entidade para pagamentos de despesas pessoais.
O que diz Osleno Wanderley dos Santos Heberlê
Também negou irregularidades