Dois jovens foram identificados pela Polícia Civil como responsáveis pelo homicídio do motorista do Uber Jairo Maciel, 63 anos, ocorrido na madrugada de 31 de março, em Porto Alegre. Conforme a investigação, Jaderson Ataídes dos Santos e Eduardo de Oliveira Silva assassinaram o motorista para roubar o carro e usá-lo em assaltos a pedestres no bairro Restinga.
A investigação foi feita em conjunto entre a 4ª Delegacia de Homicídios e a 16ª Delegacia de Polícia. O inquérito sobre o homicídio deve ser entregue pelo delegado Eibert Moreira Neto no final do mês, indiciando a dupla por homicídio triplamente qualificado, com os agravantes de motivo torpe, traição e para assegurar ou ocultar o cometimento de outro crime. Já o outro, sobre os roubos, será entregue pela delegada Shana Hartz à Justiça ainda nesta segunda-feira (9).
A polícia trabalhou inicialmente para traçar a cronologia do crime. Os policiais descobriram, através de dados do Uber, que a vítima inicialmente foi chamada por três pessoas para fazer uma viagem da Restinga até uma lanchonete na Rua Silva Só. A viagem foi realizada pelo aplicativo e, na volta, foi acertada uma corrida por fora. O motorista levou as pessoas de volta para o condomínio São Guilherme, na Restinga. No local, por volta das 8h, recebeu R$ 95. Duas pessoas desceram e uma ficou. Depois disso, um outro criminoso entrou no carro.
Conforme a polícia, foi naquele momento que foi anunciado o crime e a vítima ameaçada com armas. Os criminosos assumiram o controle do carro e roubaram, entre 8h10min e 8h30min, seis pedestres na Restinga. Os crimes teriam sido cometidos de maneira violenta. As vítimas comentaram que os ladrões pareciam nervosos e mostravam as armas.
No dia seguinte, após a família compartilhar mensagens de desaparecimento do motorista, o corpo dele foi encontrado. A vítima foi localizada morta em 1º de abril, em uma estrada de chão batido em Belém Novo, com marca de tiros e um braço amputado. Os policiais suspeitam de que ele tenha quebrado o braço após pular do carro em movimento para fugir da dupla. O veículo, um Onix, foi encontrado no bairro Pitinga.
A polícia chegou até os nomes dos dois após investigadores os reconhecerem. Ambos já haviam sido indiciados pela 4ª Delegacia de Homicídios. Um deles foi flagrado pelas câmeras da lanchonete. Além disso, as duas pessoas que acompanharam inicialmente na lanchonete prestaram depoimento relatando a atitude da dupla.
— A autoria está firme. São esses dois bandidos identificados. Temos a convicção de que foi um homicídio qualificado. Ou mataram a vítima para assegurar os roubos, ou mataram depois para ocultar os roubos — relata o delegado.
Reforça a hipótese de homicídio o fato de o dinheiro do motorista do Uber não ter sido levado pelos criminosos. O delegado Gabriel Bicca, diretor de Investigações do Departamento de Homicídios da Capital, explica os motivos pelos quais o crime não é latrocínio:
- Mataram para assegurar a execução dos roubos ou para ocultar as evidências. Essa qualificadora inclusive existe para o crime de homicídio. A ideia não era usar o carro para si, tomar o patrimônio dele. Eles queriam usar o veículo para praticar outros crimes. A gente só vai ter certeza do que pretendiam quando pegar eles, mas ao que tudo indica só mataram para ocultar crimes anteriores. Sequer o dinheiro do Uber foi levado.
Em nota, a Uber lamentou a morte do motorista. Em uma análise preliminar, a empresa afirma que Goes não estaria realizando uma viagem pelo aplicativo no momento da ocorrência. Leia a íntegra:
“A Uber lamenta profundamente que motoristas parceiros sejam alvo de violência urbana, uma vez que vão às ruas todos os dias ajudar a construir o futuro da mobilidade em nossas cidades e gerar renda para si próprios e suas famílias.
Compartilhamos nossa solidariedade e nossos sentimentos de mais profundo pesar com a família de Luiz Eugênio Goes nesse momento tão difícil. Todavia, pelo que pudemos apurar, o parceiro não estava em viagem com o aplicativo e a ocorrência não tem, portanto, qualquer relação com a Uber.”
A polícia, agora, procura o paradeiro da dupla. Não há informações sobre o paradeiro deles. Denúncias podem ser repassadas pelo número 0800-642-0121.