Ainda hospitalizada e abalada com o que viu, Vera Lúcia Gonçalves, 56 anos, – sobrevivente à ação do criminoso que matou o marido e o filho dela, no último sábado (3), em um apartamento no centro de Santa Maria – guarda na memória todos os detalhes daquela madrugada de terror. Em uma conversa informal, na terça-feira (6), com o delegado regional da Polícia Civil, Sandro Meinerz, ela trouxe mais informações sobre a dinâmica do crime dentro da casa dela. Conforme o delegado, Vera Lúcia apenas sobreviveu “porque fingiu estar morta”:
— Ela não morreu porque permaneceu imóvel e não se mexeu. Enquanto ele (o criminoso Diego Anderson Fontoura, 29 anos, morto domingo após parada cardiorrespiratória) revirava a casa, a dona Fátima se manteve no chão. Ela só sobreviveu porque fingiu estar morta. E, nesse período, ele ficou andando pela casa e quebrando tudo.
Ainda sobre a sequência de crimes, dentro do apartamento, a sobrevivente relatou ao delegado como o criminoso agiu dentro do imóvel. Meinerz conta que o ingresso na casa da família Mendes se deu de forma aleatória, já que ele, instantes antes, havia alvejado com um tiro no peito Marcelo Fraccari, 37 anos, e buscava se esconder.
Depois que Fontoura entrou no imóvel, ele ficou por cerca de 15 minutos aterrorizando a família:
— O criminoso conseguiu entrar no imóvel porque a porta estava encostada, não estava trancada. Isso por que havia um filho do casal, que estava na casa da namorada, e que poderia chegar em instantes. A família, neste momento, estava dormindo. Ele, então, passou a dominar a família, a ameaçá-los e a exigir dinheiro, jóias e pertences. A intenção era de roubar as vítimas.
Durante todo esse tempo em que fazia ameaças, Fontoura repetia às vítimas que “não custaria nada a ele matá-las”.
A sequência dos fatos
Perturbado e alterado, o bandido passou a agredir com socos e pontapés Gilberto Mendes, 62 anos. Na sequência, ele fez o mesmo contra Vera Lúcia.
— Após essa sequência de agressões, que dura cerca de 15 minutos, ele atira primeiro no seu Beto. Depois, (atira) no Gabriel (de 16 anos), que pedia pelo pai e dizia ao criminoso que tivesse calma. E, por fim, ele atira na dona Vera.
Já caída, Vera Lúcia se manteve assim por alguns minutos e, ao perceber que o bandido não fazia mais barulho, foi até o quarto do filho. Lá, ela se trancou e acessou o computador dele para mandar mensagem a um familiar pedindo ajuda. A sobrevivente apenas deixou o quarto quando a polícia chegou ao local.
Vera Lúcia segue internada no Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) e não corre risco de morrer. Marcelo Fraccari, o outro sobrevivente, deu alta, na terça-feira (6), do Hospital de Caridade Astrogildo de Azevedo.